Num vídeo publicado nas redes sociais, por exemplo, dois biólogos mostram durante vários minutos a árdua tarefa de retirar palhinhas do nariz de uma tartaruga-marinha na Costa Rica.

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"As palhinhas são servidas automaticamente em copos nos bares. E são muito pequenas para serem recicladas. Passam por todos os filtros", explica a cofundadora da associação Bas les Pailles (Abaixo as palhinhas, em tradução do francês), Yasmine El-Kotni, que lançou um abaixo-assinado no site change.org para pedir a proibição da venda deste utensílio em França.

Reino Unido, um bom aluno

No âmbito legislativo, ainda há poucos avanços. No final de maio, a Comissão europeia propôs proibir cotonetes, talheres, pratos, palhinhas e balões de plástico, impondo que esses artigos sejam fabricados com materiais duráveis e recicláveis. A medida ainda deve ser discutida pelos estados-membros e votada no Parlamento Europeu.

Em abril, o Reino Unido anunciou que pretende proibir palhinhas, palitos e cotonetes de plástico a partir do final de 2018.

Já França escolheu, por enquanto, proibir pratos e cotonetes de plástico até 2020, mas não as palhinhas - os "grandes esquecidos", segundo El-Kotni.

Canudos biodegradáveis

Algumas empresas não vão esperar por uma imposição. A rede de restauração McDonald's testa desde meados de junho duas alternativas aos canudos de plástico: as palhinhas biodegradáveis ou copos com fecho integrado.

"É preciso ver que solução vão adotar, para não substituir um objeto de plástico por outro", adverte Yasmine El-Kotni, encolhendo os ombros.

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Já a rede de hotéis Hilton anunciou que vai eliminar a utilização anual de cinco milhões de palhinhas de plástico e 20 milhões de garrafas de plástico nas suas 650 unidades espalhadas pelo planeta.

A cadeia de supermercados Franprix uniu-se ao movimento: a partir de 2019 não será possível comprar palhinhas de plástico nas suas lojas.

Já existem alternativas

No Palace Monte-Carlo, um hotel de cinco estrelas no Mónaco, são oferecidas palhinhas biodegradáveis feitas de bioplástico produzido a partir de milho - duas vezes mais caras, mas milhares de vezes menos problemáticas para o meio ambiente.

Palhinhas de massa crua, de bambu, ou comestíveis de diferentes sabores: não faltam ideias de substitutos. No entanto, na indústria do plástico, a guerra contra as palhinhas causa preocupação.

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"Não é um bom sinal, mas essas grandes marcas têm um problema de imagem", considera o diretor de Assuntos Técnicos e Regulamentadores da Federação Europeia dos Produtores de Plástico PlasticsEurope, Hervé Millet, reconhecendo "um movimento" na opinião pública que vai "além da regulamentação".

"O problema não é novo e é real. Evidentemente é preciso encontrar alternativas. Trabalhamos nisso há vários meses, mas, do dia para a noite, é complicado", reconhece Pierre Soyez, diretor-geral de Soyez, marca líder na fabricação de palhinhas na Europa

"É um bom momento para encontrar uma alternativa, mas, o que me preocupa hoje, é o futuro dos meus funcionários", completou, temendo um impacto no volume de negócios do próximo ano.

Um artigo de Pierre Donadieu, jornalista da AFP