“A decisão para a existência ou não desta prova e de outras provas de ciclismo ultrapassa-nos completamente, é uma decisão do Governo. À DGS, com o apoio do Ministério [da Saúde], compete-nos, de facto, observar os planos de contingência que nos serão presentes e verificar se existe um código de conduta, e emitir, tal como fizemos para o futebol, um parecer, dizendo se estamos ou não de acordo com o que nos foi proposto. Essa é a metodologia que nós seguiremos”, explicou Graça Freitas.

Na conferência de imprensa diária sobre a covid-19, a diretora-geral da Saúde abordou a reunião que aconteceu na tarde de terça-feira no Ministério da Saúde e na qual a Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) apresentou o plano para a realização da Volta a Portugal, cuja 82.ª edição está agendada entre 29 de julho e 09 de agosto, no contexto da pandemia do novo coronavírus.

“O que nós acordámos entre as partes foi que a federação faria chegar o documento, o plano que tem, que é um documento de autorregulação, com tudo aquilo que a federação propõe fazer do ponto de vista preventivo e do ponto de vista reativo se for aprovada a existência da Volta a Portugal e de outras provas de ciclismo, e também de fazerem entre eles um código de conduta em que as partes interessadas se comprometem a aplicar o que vier nesse plano de contingência”, revelou.

Quando esse plano chegar à DGS, “obviamente será analisado”, pontuou Graça Freitas, acrescentando que será avaliado se tudo o que está contemplado no mesmo fizer “parte das boas práticas” relativas à covid-19.

“Se alguma coisa está omissa, faremos essa proposição, e se alguma coisa nos parecer que está menos bem, também diremos. Vai haver aqui uma fase de negociação e depois a DGS emitirá um parecer”, concluiu.

Fonte federativa disse na terça-feira à Lusa que as propostas apresentadas pela FPC para a realização da Volta a Portugal foram “bem acolhidas” pela DGS, notando que o parecer que será emitido pelo organismo irá “ajudar o Governo a decidir acerca da realização ou não” da maior prova velocipédica nacional.

“A reunião de hoje [terça-feira] foi uma reunião de trabalho, na qual o plano gizado pela Federação Portuguesa de Ciclismo foi apresentado à Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, e ao secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo. As propostas preconizadas pela Federação foram bem acolhidas, mas um parecer oficial da DGS será emitido posteriormente”, revelou a fonte federativa.

O plano foi apresentado pelo diretor clínico da FPC, Filipe Lima Quintas, que acompanhou na reunião o presidente do organismo, Delmino Pereira, e dois elementos da Podium (empresa organizadora), Vasco Empis e Joaquim Gomes, diretor da corrida.

A Volta a Portugal não foi afetada pela suspensão do calendário decretada pela União Ciclista Internacional devido à pandemia da covid-19, que se estende até 01 de julho para todas as provas e até 01 de agosto para as da categoria WorldTour.

Em 05 de maio, o presidente da FPC reconheceu à Lusa que poderia haver condicionalismo à presença de público na Volta a Portugal e garantiu um “compromisso máximo na defesa da saúde de todos os intervenientes” na corrida.

Portugal contabiliza pelo menos 1.447 mortos associados à covid-19 em 33.261 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) divulgado hoje.