“Não é aplicável em todos os lados e não vai resolver tudo, mas não tenho nenhuma dúvida que no processo que estamos a estruturar e que vamos lançar até ao final do ano, a existência nalguns hospitais de equipas de profissionais dedicados à urgência vai facilitar o funcionamento da urgência e torná-la menos dependente das horas extra dos médicos que manifestamente são uma das dificuldades”, disse Manuel Pizarro à margem de uma iniciativa em Lisboa.
O ministro comentou assim o anúncio que fez em entrevista à Rádio Renascença e ao jornal Público, do arranque até ao final do ano do projeto de equipas com médicos a trabalhar em exclusivo nas urgências nos cinco maiores hospitais do país: São José e Santa Maria (Lisboa), São João e Santo António (Porto) e no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, com a criação de Centros de Responsabilidade Integrados (CRI).
Questionado sobre as declarações da presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina de Urgência e Emergência, Adelina Pereira, de que esta solução já esteve na prática e não resultou, questionando também o porquê de só arrancar em cinco hospitais, quando também há problemas em outros, o ministro afirmou que “não há nenhuma solução única, uma espécie de solução simples, que resolva toda a questão das urgências”.
Manuel Pizarro sublinhou que “Há um conjunto de medidas complementares”, dando como exemplo o novo serviço que arrancou hoje de renovação da medicação para pessoas com doença crónica nas farmácias.
“Estamos a fazer com que a vida das pessoas que têm doenças crónicas seja mais fácil porque têm acesso à receita durante um período de um ano, sem precisarem de ir ao médico apenas para renovar a receita, e também estamos a libertar recursos nos centros de saúde para podermos atender melhor nos centros de saúde os casos de doença crónica que não precisam da urgência hospitalar”, disse o ministro.
Questionado sobre que médicos irá buscar para esse projeto, o governante disse que é algo que estão a trabalhar que “será anunciado oportunamente”, mas referiu que não será porventura igual em todos os hospitais.
A este propósito, esclareceu que está a ser dedicada “uma atenção prioritária” a estes “cinco grandes hospitais que têm os maiores serviços de urgência”, mas que este modelo pode ser utilizado, replicado em qualquer hospital que o deseje fazer e que tenha condições para isso.
“Tem que se começar por algum lado, começamos com um critério pelas urgências dos cinco maiores hospitais, mas isto não inibe que outras administrações hospitalares, que outros médicos ou outros profissionais de outros hospitais não trabalhem já na organização desses centros de responsabilidade integrados que são equipas dedicadas à urgência”, frisou.
Na entrevista, Manuel Pizarro explicou que são equipas multiprofissionais, com um certo nível de auto-organização pelos próprios profissionais e com um modelo de remuneração com três componentes: remuneração-base, suplemento (que será o suplemento da dedicação plena) e uma componente de índice de atividade de remuneração associada ao desempenho”.
O governante disse ainda que o objetivo será que, como acontece nas USF modelo B, o profissional possa aspirar ter cerca do dobro da sua remuneração-base.
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