A diretriz detalha que as clínicas de saúde das aldeias “devem assegurar” o fornecimento de medicação para um período mínimo de pelo menos duas semanas. Grupos vulneráveis ou com dificuldades financeiras devem ter acesso prioritário, frisa o documento, citado pelo jornal oficial em língua inglesa China Daily.
A diretriz foi emitida nas vésperas do Ano Novo Lunar, quando centenas de milhões de trabalhadores chineses migrados nas cidades regressam à terra natal.
Trata-se da maior migração interna do planeta e coincide, este ano, com o fim da política de ‘zero casos’ de covid-19, que durante quase três anos restringiu o fluxo interno de pessoas no país asiático.
O fim das restrições, após protestos ocorridos em várias cidades da China, lançou uma vaga de infeções sem precedentes nas zonas urbanas, que deve agora alastrar-se ao interior do país, onde os recursos de saúde são considerados insuficientes.
A diretriz emitida pelo Executivo chinês indica que as autoridades locais têm também a “tarefa de realizar inspeções regulares, entregar medicação, transportar pacientes para hospitais maiores e aumentar a consciencialização sobre formas de prevenir contágios”.
Devem ainda ser feitos esforços para orientar os moradores a vacinarem-se, usarem máscara e evitarem contactos com familiares idosos que sofram de doenças crónicas.
Relatos sobre o uso indiscriminado de antibióticos e medicamentos hormonais no tratamento de pacientes no interior do país “enfatizaram a importância” das orientações oficiais, aponta o China Daily.
No mês passado, o Executivo chinês alertou para o impacto da doença no interior do país, que descreveu como “vasto, populoso e com poucos recursos”.
Em particular, as autoridades apontaram para a migração em massa durante o período do Ano Novo Lunar e destacaram a falta de preparação dos funcionários de saúde locais e o “uso indiscriminado” de antibióticos e medicamentos hormonais no tratamento de pacientes com febre, que “podem causar efeitos colaterais prejudiciais e até fatais”.
Parte do sistema de saúde no interior da China depende ainda de camponeses com treino médico e paramédico básico, conhecidos como “médicos de pés descalços”, uma herança das campanhas lançadas após a fundação da República Popular, em 1949, para fornecer serviços básicos de saúde nas zonas rurais.
De acordo com dados oficiais divulgados no domingo passado, a China registou quase 60 mil mortes nos hospitais ligadas à pandemia da covid-19, desde o levantamento das medidas de prevenção no início de dezembro.
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