A Direção-Geral da Saúde (DGS) considera que, até novos dados estarem disponíveis, a vacina contra da COVID-19 da AstraZeneca deve ser preferencialmente utilizada para pessoas até aos 65 anos de idade.

Numa norma divulgada no seu ‘site’, a DGS acrescenta, no entanto, que "em nenhuma situação deve a vacinação de uma pessoa com 65 ou mais anos de idade ser atrasada" se só estiver disponível esta vacina.

A DGS recorda que a vacina da AstraZeneca está aprovada para prevenção da COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, em pessoas com idade igual ou superior a 18 anos e diz também que "em nenhuma situação deve a vacinação de uma pessoa com 65 ou menos anos de idade ser atrasada se só estiver disponível uma vacina de mRNA".

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Nas vacinas mRNA é introduzido no corpo um mensageiro de ácido ribonucleico (mRNA na sigla em inglês), que contém informação genética sobre o vírus e engana o corpo para que seja ele próprio a produzir a proteína do agressor.

Esquema vacinal recomendado

Na norma hoje divulgada, a DGS informa que o esquema vacinal recomendado para esta vacina da Astrazeneca é de duas doses com intervalo de 12 semanas e lembra que, se após a 1.ª dose for confirmada infeção por SARS-CoV-2, "não deve ser administrada a 2.ª dose".

Se foi administrada a 1.ª dose a uma pessoa que tenha estado infetada por SARS-CoV2, não deve ser administrada a 2.ª dose, diz ainda a DGS, que recomenda que, se houver atraso em relação à data marcada para a 2.ª dose, ou, por qualquer motivo, não puder ser administrada a 2.ª dose, "a mesma será administrada logo que possível". "O esquema vacinal deve ser completado com uma dose de vacina da mesma marca", acrescenta.

Sobre a gravidez e amamentação, a DGS considera que "não existem dados sobre a administração desta vacina durante a gravidez" e que estudos feitos em animais "não indicaram efeitos negativos no feto ou na grávida".

"Se os benefícios esperados ultrapassarem os potenciais riscos para a mulher, a vacina poderá ser considerada, por prescrição do médico assistente. Não é necessário evitar a gravidez após a vacinação", considera.

A DGS lembra ainda que se desconhece-se se a vacina é excretada no leite humano, no entanto, "por ser uma vacina de um vetor viral geneticamente modificado sem capacidade replicativa, não é expectável a existência de efeitos adversos na criança amamentada, à semelhança das vacinas inativadas" e sublinha que as mulheres que estejam a amamentar e sejam pertencentes a grupos de risco "podem ser vacinadas" e que "não se recomenda parar a amamentação após a vacinação".

Na norma, a autoridade nacional de saúde recorda que "as pessoas com sintomas sugestivos de COVID-19 não devem dirigir-se à vacinação sem que seja excluída a infeção por SARS CoV-2" e que as que estiverem em isolamento profilático "devem adiar a vacinação para quando este terminar".

"Se, entretanto, desenvolverem sintomas e for confirmada a infeção por SARS CoV-2, não serão priorizadas para a 1.ª dose da vacina e não será administrada a 2.ª dose se já tiverem recebido a 1.ª dose", esclarece.

A DGS refere que não está estudada a interação da vacina da AstraZeneca com outras, mas, uma vez que se trata de uma nova vacina e "para permitir a valorização de eventuais efeitos adversos, a administração desta vacina deve, sempre que possível, respeitar um intervalo de duas semanas em relação à administração de outras vacinas". Contudo, "se tal implicar um risco de não vacinação, a mesma não deve ser adiada", recomenda.

A DGS refere que os ensaios clínicos da vacina da AstraZeneca incluíram pessoas com comorbilidades como obesidade (IMC ≥30.0 kg/m2), doença cardiovascular, doença respiratória e diabetes e que a eficácia "foi semelhante nos participantes com e sem uma ou mais destas comorbilidades".

"Esta vacina é constituída por um vetor viral (adenovírus) geneticamente modificado, sem capacidade replicativa, não havendo por isso contraindicação à sua administração em pessoas com imunodeficiência, à semelhança das vacinas inativadas", acrescenta.

Quanto a quem faz terapêutica com produtos contendo imunoglobulinas humanas, a DGS diz que não existem ainda estudos para esta vacina.

No entanto - sublinha -, segundo as indicações do Programa Nacional de Vacinação, "a interação entre imunoglobulinas (Ig) e vacinas inativadas é reduzida, pelo que estas podem ser administradas em simultâneo, antes ou depois da administração de produtos contendo imunoglobulinas, desde que em locais anatómicos diferentes".

Quanto às pessoas com doença autoimune ou autoinflamatória, não existe evidência de que a vacinação cause agravamento ou precipite crise aguda.

"A vacinação de pessoas com exacerbação documentada da sua doença relacionada com administrações anteriores de outras vacinas, deve ser decidida e prescrita pelo médico assistente", acrescenta.

Portugal recebeu no domingo o primeiro lote de 43.200 vacinas do consórcio AstraZeneca/Oxford, a terceira contra o novo coronavírus a chegar ao país, depois da da Pfizer e da Moderna.

Numa atualização do processo de vacinação contra a covid-19 em Portugal até 01 de fevereiro, a ministra da Saúde, Marta Temido, disse que o país já tinha recebido mais de 400 mil vacinas: 387.270 da BioNTech/Pfizer e 19.200 da Moderna.

Países não recomendam vacina da AstraZeneca/Oxford

Devido à ausência de dados sobre os riscos de administração deste fármaco profilático em idosos, cerca de uma dezena de países europeus decidiram impor limites semelhantes, caso da Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Itália e Noruega, entre outros.

No fim de janeiro, e no meio de um conflito contratual da farmacêutica anglo-sueca com a Comissão Europeia, a Agência Europeia do Medicamento (EMA) deu "luz verde" à utilização da vacina da AstraZeneca/Oxford para ser administrada a adultos a partir dos 18 anos, sem impor um limite superior de idade.

No entanto o regulador reconheceu que nos vários ensaios clínicos realizados participaram sobretudo pessoas com idades compreendidas entre os 18 e 55 anos. Não há, por isso, resultados suficientes nos participantes com mais de 55 anos.

A África do Sul anunciou ontem a suspensão temporária do seu programa de vacinação COVID-19 após um estudo ter demonstrado uma eficácia "limitada" da vacina AstraZeneca/Oxford contra a variante do novo coronavírus detetada no país.

Portugal recebeu ontem um lote de 43.200 vacinas da AstraZeneca, o primeiro deste laboratório, informou à Lusa a 'task force' para o plano nacional de vacinação contra a COVID-19. "Informa-se, após efetuados os normais procedimentos de verificação, da chegada a Portugal hoje domingo, 07 de fevereiro, de um lote de 43.200 vacinas da AstraZeneca", adiantou a 'task force' numa breve declaração enviada à Lusa.

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Esta é a terceira vacina contra o novo coronavírus a chegar ao país, depois da Pfizer e da Moderna. O primeiro lote do consórcio AstraZeneca/Oxford foi recebido em Portugal um dia após a chegada a Espanha das primeiras 196.800 doses, segundo o Ministério da Saúde espanhol.

A pandemia de COVID-19 provocou, pelo menos, 2.310.234 mortos no mundo, resultantes de mais de 105,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 13.954 pessoas dos 761.906 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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