Sem confirmarem o número de casos concretos, que fontes contactadas pela Lusa referem ser superiores às três dezenas de trabalhadores infetados ou sintomáticos e perto de uma centena em quarentena, tanto a empresa como a Proteção Civil distrital asseguram que foram tomadas as medidas que visam a contenção da propagação da doença.

Contactada pela Lusa, a SOHI Meat Solutions - Distribuição de Carnes, S.A. afirma que “tem delineado um sólido plano de contingência, totalmente alinhado com as recomendações das autoridades de saúde e atestado pela Direção-Geral da Saúde (DGS), no sentido de garantir que o nível de risco de propagação entre colegas é de ‘muito baixo risco’”.

Casos confirmados e casos suspeitos

A empresa afirma que “estão identificados alguns casos confirmados e outros suspeitos de COVID-19, atualmente em isolamento profilático”, e que, em ligação com a autoridade de saúde, “foram também identificados os contactos próximos que foram igualmente colocados de quarentena”.

“Mantemos a máxima confiança nos responsáveis de todas as equipas para levar a cabo o plano de contingência traçado pela Sonae MC e, assim, protegermos os nossos colaboradores e clientes”, afirma a empresa.

Sublinhando estar “consciente da sua responsabilidade para com o país”, a empresa declara que a sua prioridade é continuar a “#AlimentarPortugal”.

A unidade da SoHi Meat Solutions - Distribuição de Carnes, S.A., instalada na zona industrial de Santarém, emprega cerca de 400 pessoas e é responsável pela preparação e embalamento de carnes de bovino, ovino, caprino e suíno para a rede de supermercados da Sonae.

O presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil de Santarém, Miguel Borges, disse à Lusa que a situação está a ser acompanhada tanto pela delegada de saúde como pela Proteção Civil municipal de Santarém, prevendo-se a realização de testes a todos os trabalhadores da unidade, incluindo os que estão a substituir os funcionários em isolamento ou quarentena.

O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves, afirmou que a Proteção Civil municipal tem estado a acompanhar de perto a situação, tendo a última visita ao local decorrido na terça-feira.

Segundo o autarca, foram feitas algumas recomendações adicionais, nomeadamente em relação aos trabalhadores colocados por empresas de trabalho temporário. Ricardo Gonçalves salientou que a situação tem sido acompanhada desde o início pela delegada de saúde e que a empresa seguiu todas as medidas de mitigação que foram propostas.

Desinfeção diária é a norma

Em comunicado divulgado na terça-feira, a SOHI afirma estar certificada em termos de segurança alimentar e qualidade ambiental, sendo já norma a limpeza e desinfeção diária das suas instalações.

Com o surgimento de casos de infeção pelo novo coronavírus, a empresa adotou “mais de 80 medidas adicionais”, entre as quais o reforço da limpeza, a medição de temperatura dos trabalhadores à entrada e à saída, o uso generalizado de máscaras e viseiras, e o aumento do número de autocarros e alteração da sua capacidade, sendo estes veículos de transporte dos trabalhadores higienizados diariamente e o uso de máscara obrigatório no seu interior.

A empresa refere ainda a colocação de sinalética no interior da fábrica para limitar o número de trabalhadores em locais como os balneários e as áreas sociais, inexistência de partilha de equipamentos, desfasamento de turnos e desinfeção de ferramentas, entre outras medidas.

Na resposta enviada hoje à Lusa, a SOHI especifica que sempre que surge um caso suspeito ou quando é confirmada a infeção pela XOVID-19 o trabalhador é afastado das instalações, sendo “imediatamente contactada a DGS”, que, “a partir desse momento, orienta toda a atuação da empresa”. “Paralelamente a empresa procede à limpeza/desinfeção da área”, acrescenta.

Miguel Borges realçou o facto de a situação estar a ser acompanhada em permanência pela autoridade de saúde, pela Proteção Civil municipal e pelo departamento de higiene e medicina no trabalho da empresa.

Portugal contabiliza 973 mortos associados à COVID-19 em 24.505 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da DGS sobre a pandemia divulgado hoje.

Relativamente ao dia anterior, há mais 25 mortos (+2,6%) e mais 183 casos de infeção (+0,8%).

Das pessoas infetadas, 980 estão hospitalizadas, das quais 169 em unidades de cuidados intensivos, e o número de casos recuperados passou de 1.389 para 1.470.

Portugal vai terminar no sábado, 02 de maio, o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o Governo deverá anunciar na quinta-feira as medidas para continuar a combater a pandemia.