Em Espanha, o Ministério da Saúde anunciou números desoladores este sábado: 832 mortos em 24 horas e um balanço total que já supera as cinco mil vítimas mortais.

Recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS)

  • Caso apresente sintomas de doença respiratória, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
  • Evitar o contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; evitar o contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes, com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir;
  • Evitar o contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo);
  • Seguir as recomendações das autoridades de saúde do país onde se encontra.

A região mais afetada é Madrid, com 2.757 mortos, quase metade do total. A partir de segunda-feira a cidade vai ter uma segunda morgue numa instalação pública que estava abandonada. O governo local já tinha instalado outra numa pista de patinagem no gelo, num centro comercial.

Além disso, o exército e as autoridades locais criaram um hospital de campanha com capacidade máxima para 5.500 camas num centro de convenções da capital espanhola.

O governo do socialista Pedro Sánchez, que tem neste momento poderes especiais devido ao estado de emergência, ordenou que os trabalhadores de setores não essenciais permaneçam em casa por 15 dias, para conter a propagação da doença.

Itália superou o número de 10 mil mortos e 92 mil casos neste sábado. O país deu conta de 889 óbitos, uma leve queda em relação ao dia anterior, um recorde nunca antes visto de 919 vítimas num espaço de 24 horas.

NO entanto, Madrid e Roma insistem que a epidemia dá sinais de estabilização. Mas a falta de máscaras, luvas e roupas de proteção causa desgaste entre os profissionais de saúde, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. Em Espanha, mais de 10 mil infetados trabalham na área de saúde.

A este problema soma-se outro no horizonte. Na Sicília e no sul da Itália foram registados os primeiros assaltos. A população que trabalha no setor informal, que não recebe a ajuda oficial aos trabalhadores que estão parados, exige comida. O primeiro-ministro Giuseppe Conte anunciou que o governo irá distribuir cheques alimentares.

Advertência de Trump

Nos Estados Unidos, que testam de forma exaustiva a população, os infetados são cerca de 120 mil, um sexto do total mundial, e os mortos superam os dois mil, um deles um bebé, a vítimas mais jovem da doença registada até ao momento.

Na maior potência mundial, a guerra contra o coronavírus é travada principalmente em Nova Iorque. A cidade está em quarentena, mas o estado de Nova Iorque, não.

"Há problemas na Flórida, muitos nova-iorquinos deslocam-se para sul. Não queremos isso", reclamou Trump no Twitter.

Enquanto os cientistas procuram uma cura para a pandemia, o isolamento social é, no momento, a medida mais drástica à disposição dos governos para conter a expansão do novo coronavírus. Cerca da metade da população mundial está submetida a algum tipo de isolamento.

A Rússia, único grande país que ainda não ainda não tinha adotado medidas de confinamento generalizado, decidiu fechar este sábado os restaurantes e a maior parte do comércio. Desta forma, as autoridades esperam que os russos permaneçam em casa, apesar da ausência de um decreto. O país também vai fechar totalmente as suas fronteiras terrestres a partir de segunda-feira, após suspender quase todas as ligações aéreas esta semana.

No Brasil e México, países que resistiram até ao último momento à ideia de decretar o isolamento social da população, a pressão aumenta. O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, pediu aos mexicanos que fiquem em casa.

No Brasil, um tribunal federal do Rio de Janeiro proibiu o governo federal de divulgar propaganda contra as medidas de isolamento. O presidente Jair Bolsonaro minimiza a gravidade da pandemia, que chama de "gripezinha", e iniciou uma campanha contra as medidas de confinamento decretadas em vários estados, como Rio de Janeiro e São Paulo.

Comboio já chega a Wuhan

A China tenta, aos poucos, regressar à normalidade, com a chegada de um comboio à cidade de Wuhan, onde a COVID-19 foi detetada pela primeira vez no mundo, e que, há mais de 60 dias, vive praticamente isolada.

Neste sábado, um comboio parou em Wuhan pela primeira vez desde o início da pandemia. Até então, ninguém estava autorizado a entrar na cidade, com exceção dos profissionais da saúde e trabalhadores responsáveis pelo transporte de artigos de primeira necessidade.

"Eu e a minha filha ficamos emocionadas quando o comboio se aproximou de Wuhan", disse uma mulher de 36 anos, que preferiu não revelar o nome.

Devido à quarentena, ela não via o marido há 10 semanas. Uma eternidade para a filha. "Ao vê-lo, ela correu para o pai e eu não consegui evitar o choro", afirmou à AFP.

As pessoas que desejam entrar na cidade são cuidadosamente examinadas: medição de temperatura, controlo de identidade e perguntas sobre as deslocações anteriores.

Sem abraços

O isolamento também tem impacto psicológico, aumenta a depressão, a ansiedade e outros problemas de saúde mental, segundo a Cruz Vermelha. "Até em zonas de conflito podemos abraçar-nos quando temos medo. O terrível desta situação é a falta de contacto físico", afirmou um diretor da organização.

"O mais duro era durante a noite, não podia dormir, a angústia invadia o quarto. Durante o dia, passavam os médicos, os funcionários da limpeza, os que traziam a comida. À noite chegavam os pesadelos, a morte espreitava", declarou Fabio Biferali, um cardiologista de 65 anos, de Roma, que passou oito dias "isolado do mundo", numa unidade de cuidados intensivos.