“Estamos a ver o desenho de uma sexta vaga de forma muito clara. O risco pandémico ainda não é muito elevado, mas é necessário perceber como vai continuar a evolução dos números”, avança a análise elaborada pelo grupo de acompanhamento da pandemia do IST que a Lusa teve hoje acesso.
Segundo o documento, o agravamento da situação pandémica deve-se à linhagem BA.2 da variante Ómicron do coronavírus SARS-CoV-2, que já é a dominante em Portugal e que apresenta “alguma taxa de reinfeção”, ao levantamento das restrições e à diminuição da proteção vacinal, “que se começa a fazer sentir”.
O Rt - que estima o número de casos secundários de infeção resultantes de cada pessoa portadora do vírus - “está acima de 1, com tendência de subida”, refere o relatório elaborado por Henrique Oliveira, Pedro Amaral, José Rui Figueira e Ana Serro, que compõem este grupo de trabalho coordenado pelo presidente do IST, Rogério Colaço.
De acordo com os dados do IST, este indicador é superior ao limiar de 1 desde 08 de março e apresenta uma “subida acentuada” em todas as regiões do país, com exceção dos Açores, onde está estável.
Face a estes dados, os especialistas do IST apontam para uma tendência de aumento dos internamentos em enfermaria e em unidades de cuidados intensivos nos próximos 15 dias, enquanto os óbitos, que atingiram o pico da recente vaga em 06 de fevereiro, poderão ainda registar uma “ligeira subida”, indicador que reage sempre com atraso em relação aos restantes.
“Neste ponto, não temos razões para crer num aumento muito forte da gravidade, mas esta subida vai certamente ocorrer - ainda de forma moderada - com o atraso entre sete e 14 dias decorrente da dinâmica das diferentes variáveis”, salienta o documento.
Segundo o IST, a letalidade global está agora nos 0.189% em média a sete dias, um valor ainda baixo, mas “cuja subida revela uma redução da cobertura imunitária”, enquanto a letalidade do grupo dos idosos com mais de 80 anos “está de novo a subir, estando agora em 3.1%.
Já com os dados de quarta-feira, o indicador de avaliação da pandemia (IAP) elaborado pelo IST e pela Ordem dos Médicos (OM) - que combina a incidência, a transmissibilidade, a letalidade e a hospitalização em enfermaria e em cuidados intensivos – subiu novamente e está agora nos 83.2 pontos, acima do nível de alarme.
O IAP, que inclui a análise da pressão da pandemia sobre os serviços de saúde, apresenta dois limiares: o nível de alarme, quando atinge os 80 pontos, e o nível crítico, quando chega aos 100 pontos.
Na recente vaga pandémica que atingiu Portugal no início do ano o indicador do IST e da OM atingiu o máximo de 105.8 pontos em 24 de janeiro.
“Deve ser mantida a monitorização, todas as medidas em vigor devem ser mantidas sem relaxamento e deve ser indicado à população que é necessário tomar cuidados individuais, nomeadamente quando o indicador IAP, que mede a gravidade, está em nível de alerta com forte tendência de subida e a proteção imunitária está, segundo a evidência recolhida, a descer”, recomenda o relatório.
A covid-19 provocou pelo menos 6.011.769 mortos em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 21.285 pessoas e foram contabilizados 3.380.263 casos de infeção, segundo dados de hoje da Direção-Geral da Saúde.
A doença é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.
A variante Ómicron, que se dissemina e sofre mutações rapidamente, tornou-se dominante no mundo desde que foi detetada pela primeira vez, em novembro, na África do Sul.
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