Em entrevista à rádio Observador, no dia em que completa três anos como líder do PSD, Rio foi questionado se não devia um pedido de desculpas aos portugueses por ter considerado “adequado” o que foi definido pelo Governo para o Natal, em que não existiram limites à circulação nem número máximo de pessoas nas celebrações familiares.

“Disse que devia haver algum alívio, não uma total abertura. Mas não disse o contrário, não disse ‘não há Natal’, como Angela Merkel disse na Alemanha, e eu não disse isso e devia ter dito. O primeiro-ministro também não disse e devia ter dito e o Presidente da República também não disse e devia ter dito e os portugueses também deviam ter dito todos e ninguém disse, ou pelo menos foram poucos os que o disseram”, afirmou.

No entanto, o presidente do PSD considerou que o problema “não foi propriamente a ceia de Natal”, mas “as duas semanas anteriores de movimentações e compras nas lojas”.

Rui Rio disse ainda não saber quando vai ser vacinado contra a covid-19 - “provavelmente na terceira fase” - e também não adiantou que deputados do PSD já foram ou vão ser vacinados, admitindo que o processo não foi bem gerido pela Assembleia da República “como um todo”.

“Tem de haver um critério: os mais vitais para a Assembleia da República, não são os 230”, disse, dizendo que defendia que pudessem ter sido vacinadas apenas as direções dos grupos parlamentares.

Na mesma entrevista, Rio voltou a mostrar-se “muito, muito cético” em relação ao futuro da TAP e admitiu que, se fosse Governo, a liquidação da empresa estaria em cima da mesa.

“Hoje começo a não ter muitas dúvidas… (…) Se ganhasse as eleições amanhã lhe garanto que, ou o acordo era muito mais apertado ou então não, estou a deixar uma herança muito pesada aos portugueses e até quando?”, disse.

Questionado se o PSD admitia viabilizar o próximo Orçamento do Estado apenas para evitar uma crise política, Rio rejeitou essa hipótese.

“Está completamente fora de questão”, disse, recordando que foi o primeiro-ministro, António Costa, o primeiro a excluir esse cenário.

Já sobre a posição do reeleito Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, de poder vir a exigir um acordo escrito no caso de lhe ser proposto um Governo liderado pelo PSD com algum tipo de apoio do Chega, Rio até manifestou concordância, desde que se aplique a todos.

“É uma opção do Presidente da República, a lógica de pedir um acordo escrito quer para a direita quer para a esquerda parece-me bem”, afirmou, reiterando que qualquer acordo com o partido liderado por André Ventura nunca poderia “ferir princípios básicos da Constituição ou princípios e valores éticos dos sociais-democratas”.