“Nós não podemos estar dependentes de países terceiros e de cadeias de fornecimento tão longas para produtos essenciais. Na pandemia, tivemos dificuldade de abastecimento de produtos para medicamentos essenciais que vêm da China e da Índia”, disse à agência Lusa Paulo Barradas Rebelo.

“Há hoje uma responsabilidade muito grande para trazer novamente essas produções para o espaço europeu e ter cadeias de fornecimento mais curtas”, adiantou o responsável da farmacêutica, empresa que está a terminar um investimento de 50 milhões de euros em Coimbra, que inclui a construção de uma nova fábrica, e que prepara a construção do polo tecnológico Bluepharma Park, um investimento de 150 milhões até ao final da década.

Por outro lado, Paulo Barradas Rebelo sustentou que existe hoje uma “expectativa grande por parte da sociedade” na ciência e, em particular, na ciência farmacêutica.

“Estarmos na mira da grande ansiedade das pessoas terem vacinas, terem medicamentos, terem bons tratamentos”, argumentou.

O gestor lembrou que a Bluepharma, criada em fevereiro de 2001 por um grupo de profissionais ligados ao setor e 58 colaboradores, possui “desde há 20 anos, um sentido de responsabilidade grande”, ao ter nascido e atuar no meio dos medicamentos genéricos.

“Para nós é uma questão de responsabilidade social. Os genéricos têm um desconto em relação aos outros de 90%, são 90% mais baratos, e isso é especialmente relevante para os doentes, que têm acesso mais fácil a um bem de consumo tão importante como o medicamento”, observou Paulo Barradas Rebelo.

“E é muito importante para o Estado, que é o principal pagador e poupa dinheiro e o Estado somos todos nós, que pagamos impostos. E é especialmente importante num país como Portugal, porque é uma forma de exportar. E nós precisamos de exportar, de vender mais lá fora do que compramos, porque, se não for assim, vamos à falência”, enfatizou.

Segundo Paulo Barradas Rebelo, a estratégia da Bluepharma em 20 anos de existência “permitiu exportar mais” (a empresa exporta 88% da sua produção para mais de 40 países) e criar postos de trabalho “e postos de trabalho muito qualificados”.

“Estamos muito bem orientados na exportação, somos muito levezinhos ao erário público e contribuímos para o trabalho e criação de valor no nosso país”, adiantou o presidente da farmacêutica, explicando que a marca é hoje um grupo de 20 empresas e quase 800 trabalhadores.

“E 70%, mais de 500 pessoas, são licenciadas, temos muitos mestrados, muitos doutoramentos, um centro de investigação e desenvolvimento com 130 cientistas a trabalhar e um conjunto de parcerias importante, nomeadamente com a Universidade de Coimbra”, frisou.

Para Barradas Rebelo, “a cereja em cima do bolo” na estratégia da Bluepharma tem passado pelo investimento em inovação nos medicamentos genéricos.

“A inovação é a pedra de toque do nosso projeto. Uma empresa que não surpreenda os seus clientes permanentemente vai perdê-los, vai ter o vizinho do lado a levá-los. É isso que nos tem permitido crescer e diferenciar-nos das outras companhias”, advogou.