"Tem um artigo na CLT [Consolidação das Leis do Trabalho] que diz que todo o empresário, comerciante que for obrigado a fechar seu estabelecimento por decisão do respetivo chefe do executivo, os encargos trabalhistas quem paga é o governador e o prefeito, 'tá ok?", declarou Bolsonaro a apoiantes, quando saía da sua residência oficial, em Brasília.
A declaração é mais um ataque promovido pelo chefe de Estado brasileiro, que defende a adoção de uma quarentena relaxada, chamada vertical, na qual as pessoas que não têm sintomas da doença deveriam voltar às suas atividades e apenas quem faz parte dos grupos de risco ficaria isolado.
Bolsonaro adotou esta tese publicamente alegando que o isolamento destruirá a economia do país, tendo ainda declarado que a covid-19 é apenas uma "gripezinha", que pode até já ter sido contagiado, mas sustentou que não ficou doente porque era um "atleta".
Hoje o Presidente brasileiro publicou, na sua conta na rede social Facebook, um vídeo que mostra uma caravana no estado de Santa Catarina, com algumas pessoas dentro dos seus carros a buzinar e a pedir o fim da quarentena porque querem trabalhar.
Na noite passada, Flávio Bolsonaro, filho do chefe de Estado e também senador (membro da câmara alta do Congresso brasileiro) publicou na sua conta no Facebook o vídeo de uma campanha do Governo, ainda em fase de planeamento, que usa o 'slogan' #BrasilNaoPodeParar, no qual pessoas representando trabalhadores de várias categorias defendem o regresso a um regime normal de trabalho.
Enquanto Bolsonaro e os seus apoiantes defendem o fim das quarentenas decretadas em cidades do país, a maioria dos governadores e presidentes de câmara (prefeitos), o Ministério da Saúde e a Organização Mundial de Saúde (OMS) adotam um discurso oposto, defendendo isolamento social como forma de conter a velocidade das infeções por covid-19.
O número de mortos pelo novo coronavírus no Brasil aumentou para 77 na quinta-feira, registando-se ainda 2.915 infetados, segundo o Ministério da Saúde.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil.
Dos casos de infeção, pelo menos 112.200 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
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