Na reunião no Infarmed sobre a situação epidemiológica em Portugal, o investigador da Faculdade de Ciências de Lisboa apresentou projeções sobre o que acontecerá se houver uma desaceleração do número de novos casos, inspirada naquilo que aconteceu na primeira onda da epidemia, que começa por “subir exponencialmente”, atinge o pico e desacelera.

Para a projeção foi utilizada a desaceleração ocorrida entre 16 e 28 de março em confinamento total.

“Se nós tivermos uma variação dessa ordem de grandeza, aquilo que nós projetamos, assumindo que esta desaceleração se mantém constante nos próximos dias, dificilmente evitaremos já os 14 mil caso por dia”, salientou no encontro que reuniu especialistas, políticos, e que foi aberta pela ministra da Saúde, Marta Temido.

O epidemiologista sustentou que, se a partir de agora se conseguir “uma desaceleração semelhante àquela que tivemos no início da primeira onda nós iremos parar a este número médio de casos e levaremos aproximadamente duas semanas, e depois temos que descer, porque 14 mil casos por dia não é aceitável”.

Para passar aos sete mil casos serão necessárias aproximadamente três semanas, assumindo uma descida média semelhante à da primeira vaga, de menos 3,2%.

Relativamente aos internamentos, as projeções apontam para já 700 internados em unidade de cuidados intensivos. “Vamos ultrapassar essa linha”, lamentou,

Quanto ao número de óbitos, Manuel do Carmo Gomes adiantou que apresentam uma tendência ascendente desde há alguns dias, lembrando que “respondem com atraso relativamente ao número de novos casos e aos próprios internamentos”.

Segundo o epidemiologista, as previsões apontam para 154 óbitos diários em 24 de janeiro. “Eu penso que dificilmente evitaremos os 140, 150 casos de óbitos por dia”.

Se as projeções se concretizarem, o número total de óbitos acumulado atingirá aproximadamente os 12 mil, que, afirmou, “é um valor muito preocupante”.

“Portanto eu penso que nós temos pela frente as semanas mais difíceis desta epidemia. A única boa notícia é que depois disto estou convencido que só pode melhorar, mas vai levar tempo”, vincou Manuel Carmo Gomes.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.945.437 mortos resultantes de mais de 90,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 7.925 pessoas dos 489.293 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

O estado de emergência decretado em 09 de novembro para combater a pandemia foi renovado com efeitos desde as 00:00 de 08 de janeiro, até dia 15.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.