“Podemos ultrapassar os recordes que já tivemos até agora, porque é uma característica desta variante”, afirmou Marta Temido, em entrevista ao Telejornal da RTP.
Segundo a ministra, “é estimado que Portugal ultrapasse o seu recorde de infeções”, que foi atingido em 28 de janeiro deste ano, no pico da maior onda da pandemia, dia em que foram registados 16.432 casos de infeção.
Marta Temido, que não avançou com uma estimativa concreta do número máximo de casos que se poderá registar, manifestou-se preocupada com o possível fluxo aos serviços de urgência, admitindo que se poderá registar uma “conjugação muito complicada por estes dias”.
“Por isso é que é tão importante neste momento, em que se avizinha uma época de contactos tradicionalmente intensos, que cada um de nós faça aquilo que está ao seu alcance para prevenir a transmissão que é muito fácil com esta variante”, alertou.
De acordo com a ministra, com o aumento das infeções, vai-se registar uma maior pressão sobre a Linha Saúde 24, sobre a testagem e sobre os inquéritos epidemiológicos, áreas que o Governo “está a reforçar”.
“Ainda ontem foi promulgada pelo Presidente da República uma medida legislativa aprovada pelo Conselho de Ministros na última semana, que permite a contratação de rastreadores adicionais”, anunciou.
De acordo com Marta Temido, devido à Ómicron, Portugal está a “caminho de uma situação complexa e, sobretudo, com muita incerteza e muito desconhecimento associados”.
“Os cenários e as estimativas dos peritos que nos apoiam estão a confirmar-se em termos de transmissibilidade”, adiantou a governante, ao salientar que falta saber qual o impacto desta maior transmissão em termos de gravidade da doença e de escape imunitário.
Relativamente à possibilidade de o Governo voltar a determinar o uso de máscara em espaços públicos, Marta Temido adiantou que o executivo tem quadro legal para tomar essa medida e que está disponível para fazer esta avaliação, mas salientou ser necessário “equilibrar o esforço individual”.
“Não podemos pedir tudo às pessoas porque senão elas provavelmente desistem”, referiu.
A governante disse ainda que está previsto para os primeiros dias de janeiro abrir a faixa etária dos 50 aos 59 anos à vacinação de reforço por autoagendamento.
A covid-19 provocou mais de 5,36 milhões de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.823 pessoas e foram contabilizados 1.242.545 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.
Uma nova variante, a Ómicron, classificada como preocupante pela Organização Mundial da Saúde (OMS), foi detetada na África Austral, mas desde que as autoridades sanitárias sul-africanas deram o alerta, a 24 de novembro, foram notificadas infeções em pelo menos 89 países de todos os continentes, incluindo Portugal.
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