A ministra falava em Lisboa numa conferência de imprensa conjunta com a diretora-geral da Saúde, na qual foram anunciadas as conclusões de uma reunião do Conselho Nacional de Saúde, lidas pelo professor Jorge Torgal, membro do Conselho.
Marta Temido pediu aos jornalistas que não estimulem o alarme social exagerado. E acrescentou depois: “Não podemos dispersar-nos atrás de boatos. Acreditem em nós, não temos motivos para não falar verdade”.
No mesmo tom a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, alertou para o “desconforto e ansiedade” que podem causar medidas que se tomem sem justificação, e disse que o país “não pode ter uma epidemia ainda maior causada pelo pânico”.
“Que o medo não nos paralise, porque as consequências do medo podem ser mais graves do que a doença”, disse Graça Freitas, lembrando que “todos os dias morrem dezenas de pessoas em Portugal com pneumonia bacteriana”, e alertando que o país não pode viver nos extremos, seja em completa irresponsabilidade seja em completa preocupação.
Na conferência de imprensa, Graça Freitas explicou que a deteção de doentes no Hospital de Santa Maria se deveu à alteração da definição de caso, o que levou a pesquisar-se doentes internados com pneumonia, e disse que o procedimento do Hospital, como o do Hospital de Braga, está a ser feito como deve ser.
Apesar das palavras de calma e de relativização da doença COVID-19, provocada por um novo coronavírus, Graça Freitas disse que todos os dias vão haver novos casos porque o país está em “fase crescente da epidemia”, ainda que não seja exponencial.
E a ministra da Saúde apelou aos portugueses para que percebam “a gravidade da situação” e que ficar em quarentena é ficar em isolamento, e ainda que “escolas encerradas não significam férias escolares”.
Graça Freitas criticou depois o encerramento de escolas sem audição prévia das autoridades de saúde, e disse que as escolas deviam avisar para o isolamento social, para que os alunos não saiam da escola, “atravessem a rua e vão para o centro comercial”.
A responsável insistiu depois nas medidas que cada cidadão deve tomar, como as de higiene, explicou que o país está em contenção mas ao mesmo tempo também já está a tomar medidas de mitigação, e disse que a grande preocupação é perceber se há casos da doença em que não se encontre a ligação epidemiológica. E admitiu que podem haver “três ou quatro casos”.
O Conselho Nacional de Saúde volta a reunir-se na próxima sexta-feira.
De acordo com a Direção-Geral da Saúde, Portugal tem 59 casos de COVID-19.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quarta-feira a doença como pandemia, tendo em conta os "níveis alarmantes de propagação e inação": "Podemos esperar que o número de casos, mortes e países afetados aumente", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Desde dezembro, foram infetadas cerca de 117 mil pessoas em mais de uma centena de países, mas a maioria (cerca de 63 mil) conseguiu recuperar da doença provocada pelo novo coronavírus, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia.
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