“Aquilo que agora, neste momento, nos deve preocupar - eu vou retirar a palavra preocupar e vou pôr focar a atenção -, é se o vírus provoca doença, se provoca doença grave, se provoca hospitalização, cuidados intensivos e morte. É aí que nós nos devemos focar”, afirmou Fernando de Almeida, em declarações à Lusa à margem de uma visita que está a realizar a Cabo Verde.

“Se são 20, 30 ou 40 mil, isso vai sendo cada vez menos importante. O que nós, agora, devemos estar [concentrados] não é só na deteção de casos, mas sim da infeção e da doença. É aqui que nos devemos focar”, acrescentou.

Em Portugal, desde março de 2020, morreram mais de 21.000 pessoas e foram contabilizados cerca de 3,4 milhões de casos de infeção.

“O que se espera em Portugal é aquilo que aconteceu com as outras pandemias, embora esta esteja um pouco mais demorada naquilo que é o expectável: É que aos poucos e poucos exista aquela adaptação do vírus ao meio ambiente, que haja aquilo que nós chamamos endemia”, disse o presidente do INSA.

Para Fernando de Almeida, Portugal tem também a “arma poderosíssima” da vacinação para lidar com a covid-19.

“Se não fosse a vacinação, provavelmente estaríamos muito pior. E passamos praticamente uma onda fortíssima, fortíssima, muito maior que as outras todas, e o impacto foi muito pouco ou quase nulo. Naturalmente quando se morre, por um caso é sempre lamentável. Mas em função do impacto que era o número de mortes nas outras ondas e agora, no pós-vacinação, não tem nada a ver”, disse ainda.

Fundado em 1899 pelo médico e humanista Ricardo Jorge, o INSA é um organismo público integrado na administração indireta do Estado, sob a tutela do Ministério da Saúde, assumindo a missão de laboratório do Estado no setor da saúde, laboratório nacional de referência e observatório nacional de saúde.

“Vamos esperar. Tanto nós como a Direção Geral da Saúde, o Ministério da Saúde e as outras instituições que connosco colaboram estamos atentos. Se houver necessidade de tomar medidas outra vez, não há volta a dar. Mas vamos ver se nos conseguimos adaptar todos, nós e o vírus, para ver se encontramos aqui um compromisso para não nos preocuparmos com isso”, concluiu Fernando de Almeida.

A covid-19 provocou pelo menos 6.011.769 mortos em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.

A doença é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China.

A variante Ómicron, que se dissemina e sofre mutações rapidamente, tornou-se dominante no mundo desde que foi detetada pela primeira vez, em novembro, na África do Sul.