Numa atualização da informação epidemiológica semanal, a OMS recorda que as crianças das famílias mais pobres já têm quase cinco vezes mais probabilidade de abandonar a escola primária do que as das mais ricas e que estar fora da escola “também aumenta o risco de gravidez na adolescência, exploração sexual, casamento infantil, violência e outras ameaças”.
A Organização insiste que os encerramentos prolongados “interrompem serviços escolares essenciais, como imunização, alimentação escolar, saúde mental e apoio psicossocial” e podem provocar stress e ansiedade devido à “perda de interação com os colegas” e à interrupção das rotinas.
“Esses impactos negativos serão significativamente maiores para crianças vulneráveis, como aquelas que vivem em países afetados por conflitos e outras crises prolongadas, migrantes, refugiados e deslocados à força, minorias, crianças portadoras de deficiência e crianças em instituições”, alerta.
A OMS lembra que o encerramento de escolas “afeta negativamente as crianças de muitas maneiras, além da educação, incluindo a equidade, saúde infantil (tanto física e mental) e o desenvolvimento” e frisa que “pode também afetar a capacidade dos pais de trabalhar, introduzindo outros riscos”.
A diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, citada na informação, avisou ainda que “quanto mais as escolas permanecerem fechadas, mais prejudiciais serão as consequências, especialmente para as crianças de contextos mais desfavorecidos ... portanto, apoiar escolas seguras deve ser uma prioridade para todos”
Por seu lado, Henrietta Fore, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), defende que, à medida que se entra no segundo ano da pandemia de covid-19 e os casos continuam a aumentar em todo o mundo, “nenhum esforço deve ser poupado para manter as escolas abertas ou priorizá-las nos planos de reabertura”.
“Fechar escolas deve ser uma medida de último recurso, após todas as outras opções terem sido consideradas”, defende.
Na atualização semanal que divulgou na terça-feira, a OMS refere que vários estudos mostraram que a reabertura de escolas “não foi associada a aumentos significativos na transmissão ou a picos na comunidade”.
“As escolas não foram identificadas como locais de superexposição, exceto em alguns exemplos onde as medidas de mitigação não foram bem aplicadas”, refere a OMS, apontando como exemplo um surto ocorrido em uma escola secundária em Israel, em 14 de maio de 2020, onde os adolescentes tinham estado sentados em salas com ar-condicionado com mais de 30 colegas de turma e sem usar máscaras”.
“Resultou em 153 alunos e 25 funcionários infetados”, acrescenta.
Diz que a transmissão na comunidade se reflete no ambiente escolar, mas alerta que as decisões de fecho, fecho parcial ou reabertura de escolas devem ser orientadas “por uma abordagem baseada no risco para maximizar o benefício educacional e de saúde para alunos, professores, funcionários e para a comunidade em geral e ajudar a prevenir um novo surto de covid-19 na comunidade”.
“O encerramento das escolas deve ser implementado como último recurso, ser temporário e apenas a nível local em áreas com transmissão intensa”, defende.
A OMS insiste ainda que, nas zonas onde as escolas precisem de estar fechadas ou parcialmente fechadas, devem ser promovidas “oportunidades de aprendizagem remota, serviços de saúde baseados na escola, imunização e refeições”, assim como deve ser reforças os serviços de apoio psicossocial e de saúde mental.
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