Na nota de imprensa conjunta hoje divulgada pelo ECDC e pela Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla em inglês), as duas instituições reiteram que “a vacinação continua a ser uma das melhores medidas de proteção contra a covid-19” e alertam para a maior transmissibilidade da variante Delta, estimada em 40% a 60% superior face à anterior variante Alpha, que foi a primeira grande variante de preocupação no espaço comunitário.

“A variante Delta (B.1.617.2) é uma variante de preocupação que se está a espalhar rapidamente na Europa e que pode dificultar seriamente os esforços para controlar a pandemia”, reconheceram os dois organismos, que assinalaram também que a mutação do vírus inicialmente detetada na Índia “pode estar associada a um maior risco de hospitalização”.

Perante a estimativa de uma predominância de 90% a nível comunitário no próximo mês, o ECDC reiterou que este cenário “torna essencial que os países acelerem os programas de vacinação”, nos quais se inclui a “entrega de segundas doses quando recomendado” e a supressão de lacunas de imunidade no seio das respetivas populações, de forma a minimizar também o espaço para o desenvolvimento de novas estirpes do vírus.

EMA e ECDC evocam ainda dados preliminares de estudos já realizados que apontam a toma das duas doses das vacinas da Pfizer/BioNTech, AstraZeneca ou Moderna como necessária para a obtenção de uma “proteção adequada” em relação à variante Delta. Nesse sentido, a adesão ao esquema vacinal recomendado é considerada “vital” para garantir uma resposta mais robusta contra o SARS-CoV-2.

No entanto, as duas agências europeias destacaram também a existência de uma dezena de Estados-membros da UE onde aproximadamente 30% ou mais das pessoas com idade superior a 80 anos não têm ainda a vacinação completa.

“Para proteger os indivíduos frágeis e idosos em locais fechados, tais como doentes hospitalizados ou residentes em instalações de cuidados a longo prazo, é necessário mais trabalho nalguns países para aumentar a utilização de vacinas entre profissionais de saúde e o pessoal dessas instituições. A EMA e o ECDC encorajam os profissionais de saúde e de cuidados a aceitarem ofertas de vacinação o mais rapidamente possível”, pode ler-se no comunicado.

Segundo a EMA e o ECDC, as estratégias de vacinação podem ser adaptadas pelos países consoante as suas circunstâncias, nomeadamente ao nível do “intervalo entre a primeira e a segunda dose, com base na situação epidemiológica e na circulação de variantes, e na evolução das provas sobre a eficácia da vacina contra variantes”.

Já sobre a utilização de uma vacina diferente para a segunda dose, as duas instituições sublinham os “bons fundamentos científicos para esperar que esta estratégia seja segura e eficaz” em relação à covid-19, como já ocorreu noutras patologias no passado, e realçam os indícios de “uma resposta imunológica satisfatória” em estudos preliminares efetuados no Reino Unido, Espanha e Alemanha.

Contudo, ambas admitem que “não estão em posição de fazer quaisquer recomendações definitivas” sobre a utilização de diferentes vacinas contra a covid-19 para as duas doses.