O estudo indica também que, apesar de a maioria (55,9%) ter tido alterações nas consultas de acompanhamento, três em cada quatro reconhece um esforço dos profissionais de saúde para manter o acompanhamento, mesmo que à distância.
De acordo com os dados do estudo, elaborado em parceria com a Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM), a Associação Nacional de Esclerose Múltipla (ANEM) e a Associação Todos com a Esclerose Múltipla (TEM), dois em cada dez (17,8%) viram a doença progredir e mais de metade (59,3%) adotaram medidas de prevenção adicional, tendo em conta o risco acrescido de complicações para estes doentes se forem contaminados com covid-19.
“São doentes que tomam uma medicação que mexe com o sistema imune, logo têm maior risco” de complicações se contraírem covid-19, explicou à Lusa a neurologista Lívia Sousa, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, que participou no desenvolvimento do estudo.
Os dados recolhidos indicam ainda que três em cada quatro doentes não sentiram dificuldade no acesso à medicação, um problema apenas apontado por 21,9% dos inquiridos.
Em declarações à Lusa, Lívia Sousa explicou o esforço dos serviços médicos para se reorganizarem, mantendo sempre o acompanhamento a estes doentes, mesmo à distância, e adiando apenas os casos de primeiras consultas.
A especialista disse ainda que a recuperação de serviço, no caso do centro onde trabalha, que já está a decorrer e deverá ficar concluída depois do verão.
O estudo, que teve o apoio da empresa farmacêutica Merck e foi feito a propósito do Dia Mundial da Esclerose Múltipla, que se assinala no sábado, indica também que mais de um terço (38,2%) dos inquiridos confirmam um sentimento de insegurança em relação ao tratamento da sua doença nestes tempos de pandemia, com quase metade (45,7%) a temer perder ainda mais as capacidades motoras.
A grande maioria dos doentes (81,9%) reconhecem o maior risco de doença grave se for contaminado com o novo coronavírus e, por isso, 59,3% dos inquiridos disseram ter tomado medidas adicionais de prevenção como o isolamento/confinamento social (34,4%).
Questionados sobre a principal necessidade enquanto doentes com esclerose múltipla, em contexto de pandemia, os inquiridos revelam que o acesso a medicamentos, ou a falta destes, é a principal preocupação (23,9%), seguido do apoio psicológico (22,2%) e do apoio financeiro (18,8%).
A esclerose múltipla é uma doença crónica, autoimune, inflamatória e degenerativa que afeta o sistema nervoso central. Não existe um padrão de sintomas definido para a doença, mas os mais comuns são a fadiga, alterações na marcha, dormência, sensação de rigidez e espasmos musculares, fraqueza, problemas de visão e tonturas.
Os últimos dados oficiais indicam que Portugal regista 1.342 mortes relacionadas com a covid-19 e 31.007 casos de infeção, mas mais de metade dos doentes (18.096) já foram dados como recuperados.
Em todo o mundo, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 346 mil mortos e infetou mais de 5,5 milhões de pessoas. Quase 2,2 milhões de doentes foram considerados curados pelas autoridades de saúde.
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