A pouco mais de um mês do fim do terceiro período de aulas, marcadas pela pandemia de COVID-19, alguns diretores escolares admitiram hoje que os alunos possam vir a ter, no próximo ano letivo, um sistema misto de aulas presenciais com aulas à distância (b-learning).

Durante a audição parlamentar na comissão de Educação, Ciência Juventude e Desporto, solicitada pelo grupo parlamentar do PSD, todos os diretores ouvidos pediram “orientações claras” ao Ministério da Educação ​​​​​​​para que as escolas reabram no próximo ano letivo sem problemas.

A possibilidade de os alunos virem a ter aulas presenciais, mas também ensino à distância foi admitido esta semana pelo ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, em entrevista ao Jornal Público.

A ideia não foi contestada pelos diretores, mas “começa a ficar tarde para organizar um futuro nesse cenário”, alertou o vice-presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Jorge Saleiro, durante a audição parlamentar.

“Se desejam que a gente avance para esse modelo precisamos de orientações claras, porque com orientações claras as escolas darão respostas à altura”, acrescentou Jorge Saleiro, que é também diretor do Agrupamento de Escolas de Barcelos.

A opinião de Jorge Saleiro foi partilhada por David Sousa, da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), que disse no parlamento ser “necessário e urgente começar já a preparar o próximo ano letivo”.

David Sousa alertou que “as turmas e as aulas não vão poder funcionar nos mesmos moldes de antes” e existem muitos outros assuntos que precisam de orientações, sendo por isso "necessário começar a definir algumas linhas gerais”.

Saber quando começa o próximo ano letivo, qual a dimensão das turmas ou se os bares e refeitórios estarão abertos foram algumas das perguntas ainda sem resposta, lembradas por José Eduardo Lemos, presidente do Conselho das Escolas (CE).

Eduardo Lemos deixou no ar outras dúvidas, tais como saber de que forma será recuperada a matéria que os alunos não conseguiram aprender este ano devido à implementação repentina das aulas à distância e aos inúmeros casos de estudantes sem acesso à internet ou sem equipamentos que lhes permita seguir as aulas.

“Convêm olhar para os problemas que poderemos vir a ter num futuro muito próximo, já em setembro”, defendeu o presidente do CE.

Olhar para as falhas que surgiram este ano letivo foi também um dos caminhos apontados por Carlos Louro, diretor do Agrupamento de Escolas de Ponte da Barca e da direção da ANDE.

Carlos Louro considerou que, agora, é preciso “avaliar todas as situações menos bem resolvidas para fazer melhor” e “preparar o próximo ano letivo”, cuidando de todos os envolvidos - alunos, professores, funcionários e famílias.

Durante a audição, o diretor escolar David Sousa lembrou algumas das consequências da mudança repentina do ensino presencial para o ensino à distância, imposto pelo Governo para tentar conter a disseminação da pandemia de COVID-19: “O que estamos a fazer agora não é ensino à distância, mas sim ensino de emergência”, alertou.

No entanto, David Sousa disse acreditar que será possível “passar de um ensino de emergência para um ensino à distância devidamente planeado, que vá complementar o ensino presencial”.

Também Jorge Gonçalves, da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), defendeu que "está na altura de fazer um levantamento eficaz do que é necessário para setembro".

​​​​​​​Portugal contabiliza 1.289 mortos associados à COVID-19 em 30.200 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia​​​​​​​