“Estamos a avaliar mas quero deixar bem claro que avaliar não quer dizer decidir”, referiu Graça Freitas em declarações à agência Lusa, lembrando que, na reunião no Infarmed, ficou claro que agora há mais informação sobre a covid-19 do que aquela que havia na semana passada, mas ainda não se sabendo “algumas coisas” sobre a doença, nomeadamente os períodos de contagiosidade e de recuperação.
“Sabemos algumas coisas mas ainda não o suficiente. A Direção-Geral da Saúde [DGS] acompanha todos os artigos que vão saindo em diversas partes do mundo para perceber qual o período mais equilibrado para manter as pessoas isoladas, em segurança, mas também sem haver disfunção social grande. É esse equilíbrio que nós procuramos”, explicou.
Graça Freitas lembrou que a maioria dos países europeus está neste momento num regime de sete dias de período de isolamento profilático (o mesmo que Portugal tem a partir de ontem), embora outros como os Estados Unidos tenham optado por cinco dias.
“Agora obviamente estamos sempre a ver a evidência científica e se houver informação que diga que a partir do quinto dia as pessoas já estão pouco infecciosas pois ponderaremos. Mas não mais do que isso”, frisou.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse ontem após a reunião no Infarmed, de avaliação da situação epidemiológica da covid-19 (nomeadamente devido à nova variante, Ómicron), que a DGS está a estudar o período de isolamento. E acrescentou: “E da definição desse período de isolamento depende também o número de cidadãos que poderão ou não exercer o direito de voto, com uma decisão a breve trecho”.
Questionada pela Lusa, Graça Freitas respondeu: “Cada um de nós tem de fazer o seu trabalho, à DGS compete fazer uma avaliação técnica e de risco e de segurança para a saúde pública, a outras instituições competirá pensar noutros aspetos. Não me pronuncio sobre aspetos relacionados com o processo eleitoral porque à DGS compete a avaliação técnica e avaliação de risco”.
A decisão de redução do período de isolamento de 10 para sete dias tinha sido anunciada pela DGS já no dia 30 de dezembro, mas a norma só foi atualizada ontem.
Graça Freitas explicou à Lusa que a norma que entrou em vigor tem uma aplicação faseada e salientou duas alterações.
Uma é o período de isolamento, que passa para sete dias para os doentes (com teste positivo) sem sintomas ou com sintomas ligeiros de covid-19. A outra é que também ficam sete dias em isolamento os contactos desses doentes que vivam na mesma casa (ou que com eles estiveram), exceto se forem pessoas vacinadas já com o reforço ou se forem pessoas que estão também elas a recuperar da doença. Outros contactos não cumprem isolamento.
Os doentes sem sintomas ou com sintomas ligeiros ficam os sete dias em isolamento e terminam o isolamento sem necessidade de teste, referiu.
Graça Freitas apelou também para a autogestão da doença por parte dos doentes sem sintomas ou com sintomas ligeiros, tomando as precauções que tomariam se, por exemplo, estivessem com uma gripe.
E pediu tranquilidade aos portugueses em geral e aos profissionais de saúde em relação às novas normas, que de início podem ser de mais difícil adaptação. “Apelo à tranquilidade mesmo se acharem que as coisas podem não estar a correr como esperavam, mas vão resolver-se de certeza”, disse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 19.029 pessoas e foram contabilizados 1.499.976 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
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