Marcelo Rebelo de Sousa, que falava no final de mais uma reunião técnica sobre a evolução da covid-19 em Portugal, no Infarmed, em Lisboa, argumentou que estes dois setores “nunca pararam, mesmo em período de confinamento, portanto, não se pode dizer que haja aqui inevitavelmente o efeito do desconfinamento”.

Em declarações aos jornalistas, o chefe de Estado referiu que “o peso” destas duas áreas de atividade nos novos casos de covid-19 surgidos na região de Lisboa e Vale do Tejo é “um ponto que está a ser explorado, no sentido de investigado” pelos especialistas.

“Se for isso, e se houver a preocupação das empresas de testarem o maior número de trabalhadores nessas duas áreas, então isso talvez explique – vale a pena investigar – o que aconteceu nas últimas duas semanas em Lisboa e Vale do Tejo, porque aconteceu com uma incidência particularmente forte no trabalho temporário e na construção civil”, acrescentou.

Segundo o Presidente da República, estas e outras “pistas de reflexão” irão “ser aprofundadas” e novamente abordadas na próxima reunião no Infarmed, marcada para 24 de junho, na qual se analisará “a evolução global nacional” dos casos covid-19 e “a evolução na região de Lisboa e Vale do Tejo” em particular.

De qualquer modo, Marcelo Rebelo de Sousa desdramatizou a situação nesta parte do país, referindo que “há uma perceção, quer dizer, uma compreensão pela opinião pública, de um agravamento na região de Lisboa e Vale do Tejo que é superior ao agravamento efetivo”.

“Há aqui uma perceção que até é injusta para outras regiões, porque, quando temos a lista dos municípios com maior incidência de surto, nos primeiros dez não está nenhum município da região de Lisboa e Vale do Tejo”, assinalou, observando: “Já esquecemos o que houve no Norte e no Centro de forma muito, muito acentuada, em fases anteriores”.

A pandemia de covid-19, doença provocada por um novo coronavírus detetado em dezembro do ano passado no centro da China, atingiu 196 países e territórios.

Em Portugal, os primeiros casos foram confirmados no dia 02 de março e já morreram 1.485 pessoas num total de 34.885 contabilizadas como infetadas, de acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS).