“Criámos um sistema que nos permite monitorizar de perto como as vacinas estão a ser utilizadas e […] é essa a base da carta que a comissária [europeia da Saúde enviou à EMA], para garantir que existe uma abordagem coerente e unificada em relação à vacina, baseada numa abordagem científica”, declarou o porta-voz do executivo comunitário para a área da Saúde.
Falando na conferência de imprensa diária da instituição, em Bruxelas, Stefan De Keersmaecker aludia ao pedido feito ao regulador europeu pela comissária europeia da tutela, Stella Kyriakides, sobre mais dados relativos à vacina Vaxzevria (novo nome dado à vacina da AstraZeneca) contra a covid-19, envolta em polémica por confirmados casos muito raros de efeitos secundários como coágulos sanguíneos em vacinados.
“Foi considerado necessário que pedíssemos à EMA para continuar a acompanhar a situação e que apresentasse uma opinião com base nos novos dados que existem - relativos ao grupos-alvo, ao sexo e à idade -, que vêm dos Estados-membros” sobre alegadas consequências em pessoas vacinadas, acrescentou o porta-voz.
De acordo com Stefan De Keersmaecker, “este pedido baseia-se no objetivo de permitir à EMA continuar a aprimorar a sua opinião sobre a utilização da vacina”.
“Isto é muito importante para os Estados-membros [da UE], para que haja sempre uma abordagem de base científica que possamos utilizar para desenvolver uma abordagem coerente”, insistiu.
Já falando sobre prazos, o responsável disse esperar que a EMA termine esta reavaliação “o mais rapidamente possível”.
Na quinta-feira, a EMA anunciou que, a pedido da Comissão Europeia, está a rever os dados sobre a vacina Vaxzevria, mas reiterou que os benefícios do fármaco da AstraZeneca superam os riscos.
“Em linha com um pedido da comissária da Saúde, na sequência de uma reunião dos ministros da Saúde da União Europeia, a EMA está a proceder a uma revisão dos dados de vacinação e dos dados sobre epidemiologia da doença, incluindo taxas de infeção, hospitalizações, morbilidade e mortalidade”, anunciou o regulador europeu em comunicado.
Segundo a agência, esta revisão do Comité de Medicamentos Humanos (CHMP) da EMA vai permitir às autoridades "colocar os riscos da vacina Vaxzevria no contexto dos benefícios das campanhas de vacinação” que estão a decorrer nos diversos Estados-membros.
“O CHMP vai também considerar a atualização das recomendações para a segunda dose da Vaxzevria nas pessoas que já receberam a primeira dose” desta vacina, avançou a EMA, ao reiterar “que os benefícios gerais da vacina continuam a superar os riscos”.
Segundo o comunicado do regulador europeu, esta revisão, que decorre na sequência da reunião informal dos ministros da Saúde da UE realizada em 07 de abril, vai permitir apoiar as campanhas nacionais de vacinação sobre a melhor forma de administrar esta vacina.
A campanha de vacinação da UE tem sido marcada por atrasos na entrega de vacinas por parte da farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca e pelos efeitos secundários do seu fármaco, dada a confirmada ligação a casos muito raros de formação de coágulos sanguíneos.
Em 08 de abril, as autoridades de saúde portuguesas recomendaram a administração da vacina da AstraZeneca em pessoas acima dos 60 anos de idade, depois de a EMA ter indicado uma “possível ligação” entre este fármaco e “casos muito raros” de formação de coágulos sanguíneos.
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