“Com base numa população estimada de 352.553 habitantes em Díli, e a estimativa mais baixa de prevalência, estima-se que existam pelo menos 50.000 pessoas em Díli que têm covid-19 neste momento”, refere-se num relatório das autoridades timorenses ao qual a Lusa teve acesso.
As estimativas são feitas no relatório epidemiológico semanal, que analisa a situação da pandemia em Timor-Leste, preparado, entre outros, pelo Pilar 3 do Ministério da Saúde, em conjunto com a Força-Tarefa para Prevenção e Mitigação da covid-19 da Sala de Situação do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC).
O Instituto Nacional de Saúde timorense, Organização Mundial de Saúde (OMS), as Equipas de Apoio Médico Australiano (AusMAT) e a Menzies School of Health Research, instituição que apoia o Laboratório Nacional timorense em Díli, nos testes à covid-19, também participam na análise.
Para calcular as suas estimativas, o relatório recorda que “na última semana, a proporção de testes positivos aumentou de 13% para 19%”.
Assim, “nos seis dias de 10 a 15 de maio de 2021, foram testadas para o efeito 3.101 pessoas, com 499 (16.1%) a serem positivos”, o que sugere que a prevalência atual da covid-19 em Díli é entre 14,8% e 17,4%”, comparativamente aos valores de entre 9,9% e 12,2% da semana anterior.
Na análise da situação epidemiológica do país entre 10 e 16 de maio, as autoridades de saúde recordaram que o país registou na última semana um total de 1.231 casos positivos de SARS-CoV-2, ou cerca de 27,6% de todos os casos registados desde o início da pandemia.
Recorde-se que Timor-Leste tinha pouco mais de 100 casos acumulados no início de março, tendo registado mais de 4.300 desde aí.
“A subida acentuada da curva mostra que o número total de casos está a aumentar rapidamente, à medida que a transmissão continua dentro da comunidade”, refere-se no relatório.
O número de casos sintomáticos como percentagem do total de positivos registados mais que duplicou, de 7 para 15%, com mais de 90 pessoas desde 01 de março a necessitarem de hospitalização por sintomas moderados ou graves.
“À medida que os números de casos aumentam, o número de pessoas que necessitam de hospitalização também aumentará, assim como as mortes. Morreram 10 pessoas com a covid-19, incluindo cinco” na última semana, nota-se no texto.
No documento indica-se que a taxa de incidência, que mede o número de casos confirmados, aumentou de 27,8/100 mil habitantes, na primeira semana de maio, para 41,9/100 mil habitantes entre 10 e 16 de maio.
Em termos nacionais a incidência é menor, mas também aumentou na última semana, face à anterior, de 8,5/100 mil habitantes para 13,3/100 mil habitantes.
“O aumento da incidência observada durante este período de reporte diz respeito à transmissão que ocorreu até 14 dias antes da notificação dos casos, devido ao período de incubação da infeção”, salienta-se.
Em termos comparativos, e no mesmo período, as taxas de incidência foram de 1.6/100 mil habitantes na Indonésia, de 3,5 em Portugal, de 25,7 na Índia e de 19,7 no Brasil, assinala-se no documento.
No que toca à vacinação, no relatório explica-se que mais de 43 mil pessoas já receberam a primeira dose da vacina AstraZeneca.
No documento considera-se que as cercas sanitárias atualmente em vigor em Díli, Baucau e Covalima — as regiões com mais casos ativos no país — permitem “ajudar a identificar casos assintomáticos e a impedir a transmissão dos municípios onde a incidência é elevada para municípios com menor incidência”.
Os autores sublinharam que a cerca deve ser considerada “para outros municípios com uma elevada incidência de casos” e defenderam a continuação de medidas “de saúde pública e sociais eficazes”.
“Os efeitos benéficos destas medidas podem ser difíceis de ver, porque os números dos casos continuarão a aumentar enquanto houver transmissão em curso. Não aumentarão tão rapidamente como se as medidas de saúde pública não estivessem em vigor, e haveria um maior risco de o sistema de saúde ser sobrecarregado, resultando em casos e mortes mais graves”, explica-se.
“A vacinação também diminuirá a transmissão. Os programas devem visar a vacinação de grupos vulneráveis em Timor-Leste, começando com idosos e pessoas com condições de saúde subjacentes”, sublinha-se.
No caso da testagem, no relatório recomenda-se que quem apresente sintomas deve ser testado “o mais rapidamente possível, de modo que as pessoas com maior risco de transmissão a outras pessoas possam ser identificadas e isoladas e de modo a que a ajuda médica possa ser dada a quem a necessite”.
Timor-Leste tem atualmente 2.116 casos ativos.
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