A recolha teve início esta terça-feira (31 de março) e pretende "garantir que todos os idosos e funcionários dos mais de 90 lares algarvios sejam testados para a covid-19", afirmou à Lusa uma das responsáveis do Centro Académico de Investigação e Formação Biomédica do Algarve (ABC).
Isabel Palmerim revelou que o centro vai garantir o fabrico dos reagentes necessários, das zaragatoas – numa parceria com uma empresa algarvia -, a recolha das amostras e a realização dos testes laboratoriais.
“Vamos começar pelos funcionários, porque são quem faz a ligação entre a rua e o lar e pelos utentes que apresentem sintomatologia ou que façam terapêuticas que os tornem especialmente vulneráveis”, explicou.
À margem de uma visita de membros do governos às instalações do centro na Universidade do Algarve, a investigadora e professora universitária revelou que devem levar “umas quatro semanas”, para fazer os 6000 testes já que “poderá haver a necessidade de repetir os testes a alguns utentes”.
O Centro de Investigação em Biomedicina (CBMR) da Universidade do Algarve iniciou hoje a realização de análises para o diagnóstico da covid-19, podendo realizar, numa primeira fase, 40 por dia.
A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, e a secretária de Estado Adjunta e da Saúde, Jamila Madeira, visitaram hoje os laboratórios do CBMR e ABC, mas também o ‘call center’ da Linha SNS24 a funcionar em Faro com os estudantes de Medicina da Universidade do Algarve e o centro de colheitas covid-19 criado junto ao Estádio do Algarve.
Aos jornalistas, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social revelou que o programa preventivo de realização de testes aos lares que tem início esta semana pretende “detetar e isolar situações positiva para ajudar à organização dos lares e para evitar propagação da doença nos lares, numa população que sabemos ser de alto risco”.
Ana Mendes Godinho reforçou que só foi possível criar este programa “em tempo recorde graças a uma colaboração extraordinária" entre a academia, a Segurança Social, as autarquias, a proteção civil municipal e as autoridades de saúde.
“Houve uma mobilização de esforços para, em conjunto, estar a fazer o que parecia impossível”, frisou.
Na conferência de imprensa à margem da visita, a secretária de Estado Adjunta e da Saúde, Jamila Madeira, revelou que o governo “teve de montar uma operação logística muito complexa” para garantir que o material de proteção e reagentes para os testes “pudesse chegar a Portugal”.
“Foi necessário identificar os produtos em mercados que habitualmente não os nossos mercados de compra e conseguir que os produtores entregassem os materiais necessários à porta da fábrica e, a partir daí, transportá-los para Portugal, já que muitas das cargas feitas pelos circuitos habituais ficam retidas em várias pontos do globo”, revelou.
A secretária de Estado informou que os circuitos agora estabelecidos permitiram já a chegada de vários materiais, com “quatro voos que chegaram desde a passada sexta-feira, mais um amanhã [quinta-feira] e na sexta-feira e outro no fim de semana”.
"Nesta altura, todos estes voos são críticos porque cada um dos produtos que chegou foi utilizado imediatamente, com uma dinâmica de consumo muito expressiva”, afirmou.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 187 mortes, mais 27 do que na véspera (+16,9%), e 8.251 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 808 em relação a terça-feira (+10,9%).
Dos infetados, 726 estão internados, 230 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 43 doentes que já recuperaram.
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