À margem da iniciativa “Artistas em Belém”, o chefe de Estado foi questionado sobre uma visita que o primeiro-ministro, António Costa, irá fazer hoje ao Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no Porto, onde está internado um dos dois infetados confirmados em Portugal.
“Eu cheguei a pensar nessa deslocação, mas deve ser dada primazia ao Governo para que se não diga que o Presidente da República está a ter protagonismo excessivo numa questão que o primeiro-ministro chamou a ele mesmo a nível da coordenação, ao mais alto nível”, afirmou.
Ainda assim, Marcelo Rebelo de Sousa promete que, sobre esta matéria, irá “falando com o primeiro-ministro e com o Governo e quando o Governo entender que é adequado o Presidente ir, o Presidente irá”.
“Sabem que por vontade do Presidente já lá estava, mas aqui o protagonismo deve ser dado ao governo”, frisou.
O chefe de Estado disse ainda que, por enquanto, mantém uma deslocação que tem prevista para o final do mês a Espanha para participar no encontro da COTEC Europa, em Málaga, “por vontade expressa dos chefes de Estado”, numa reunião com “centenas de empresários” de Portugal, Espanha e Itália, o país da Europa com mais casos de infetados.
Questionado se, ao continuar a receber grandes grupos de alunos em Belém não está a contradizer as indicações do Governo e da Direção Geral de Saúde sobre o novo vírus, o chefe de Estado respondeu negativamente.
“Eu acho que não há contradição, trata-se de cento e tal alunos, hoje não houve beijos, o tal distanciamento social foi maior, tirando a fotografia de grupo, mas neste momento não vejo razão para parar estes encontros”, afirmou.
Alunos de várias escolas das zonas de Lisboa participaram hoje na iniciativa “Artistas em Belém”, de manhã com o artista plástico José Pedro Croft, e haverá nova sessão à tarde com o escultor Carlos Nogueira.
“Se houver razão para parar então para-se, mas para isso parar-se-iam sessões de cinema e de teatro”, disse, admitindo, contudo, que, se na segunda-feira na visita a uma feira de produtos alimentares manteve os beijinhos, hoje já foi “mais parcimonioso” com os jovens.
O Presidente da República salientou que, até ao momento, não viu razão para alterar o “essencial do seu comportamento, e alertou que o “equilíbrio passa também pelo bom senso”.
“Não se pode dizer ao mesmo tempo que não há alarmismo e multiplicar de tal maneira as precauções que causemos alarmismo”, avisou.
Questionado sobre as precauções que tomará do ponto de vista pessoal, Marcelo Rebelo de Sousa disse já ter por hábito “reforçar as imunidades no inverno”.
“Eu tenho uma vida que é muito ao ar livre, muito sol, muita vitamina D. E também sou atento às vitaminas C e B, aumentando as imunidades, mas tomo sempre essas precauções”, disse.
O surto de Covid-19, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.000 mortos e infetou quase 90 mil pessoas em 67 países, incluindo duas em Portugal.
Das pessoas infetadas, cerca de 45 mil recuperaram.
Além de 2.912 mortos na China, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América e Filipinas.
A Organização Mundial de Saúde declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional e aumentou o risco para “muito elevado”.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde confirmou os dois primeiros casos de infeção em Portugal, um homem de 60 anos e outro de 33, internados em hospitais do Porto.
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