A investigação, a que a Lusa teve hoje acesso, envolveu uma amostra de 289 indivíduos, 50,5% dos quais eram homens e 49,95% mulheres, com idades compreendidas entre os 19 e 87 anos, pertencentes à região Norte de Portugal.

Segundo Raquel Duarte, da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit) do ISPUP e uma das responsáveis pela investigação, “o estudo corrobora o facto de o consumo exagerado de álcool aumentar o risco de tuberculose e estima, pela primeira vez, que os homens com um consumo diário superior a quatro ou mais bebidas alcoólicas têm um risco de desenvolver tuberculose quatro vezes maior do que aqueles que mantêm um consumo inferior”.

O estudo tinha como objetivo traçar o limiar a partir do qual o consumo de álcool aumentava o risco de desenvolvimento de tuberculose em homens e mulheres.

Os resultados apontam para uma relação entre o consumo exagerado de álcool e o desenvolvimento de tuberculose na população masculina.

Adicionalmente, constatou-se que “os homens mais jovens e em situação de desemprego apresentavam maior probabilidade de desenvolverem a doença”. Já nas mulheres, os investigadores não encontraram uma associação significativa entre o consumo exagerado de álcool e a tuberculose.

Os investigadores defendem que algumas medidas políticas, como o aumento da taxa sobre bebidas alcoólicas e um controle mais rigoroso ao seu acesso, poderiam contribuir para reduzir os problemas associados com a ingestão excessiva de álcool. Simultaneamente, “a aposta em estudos de prevenção e em intervenções de tratamento para indivíduos alcoólicos deveriam ser uma prioridade”, sustentam os autores.

Além de Raquel Duarte, também João Francisco, do Centro Hospitalar do Porto, Olena Oliveira, da EPIUnit do ISPUP, Óscar Felgueiras, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e Rita Gaio, também da FCUP, assinam o estudo.

O artigo “How much is too much alcohol in tuberculosis?” foi publicado no “European Respiratory Journal”.