O consumo regular de bebidas energéticas ou isotónicas destrói o esmalte dos dentes, o que os pode escurecer de forma irreversível, conclui um estudo científico realizado nos Estados Unidos.
A acidez desse tipo de bebidas, cada vez mais consumidas por jovens e praticantes de desporto, ataca o esmalte dos dentes, bastando, nalguns casos, o consumo cinco dias consecutivos para que a dentição comece a deteriorar-se, indica a investigação realizada na Universidade de Southern Illinois.
Os autores do estudo analisaram 13 bebidas isotónicas e nove bebidas energéticas, concluindo que os níveis de acidez variam até na mesma marca, em função dos diferentes sabores.
Embora a acidez exista em muitos alimentos e noutras bebidas que ingerimos, esse tipo de bebidas, tal como sucede com as açucaradas, como os refrigerantes, destroem o equilíbrio que é mantido pela saliva.
“Se o equilíbrio se mantiver, não teremos grandes problemas ao longo dos anos. O problema é quando a tendência é maior para o lado da desmineralização” e a saliva não consegue compensar o efeito da acidez sobre o esmalte, explicou à agência Lusa o professor da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto Mário Jorge Silva.
Além de escurecer os dentes de forma irreversível, pela perda de esmalte que não pode ser reposto, o excesso de acidez aumenta a sensibilidade dentária.
O estudo conclui que embora os dois tipos de bebidas tenham elevados graus de acidez, as energéticas são ainda mais nefastas por terem o dobro dos ácidos das isotónicas.
Um gesto que agrava mais o efeito da acidez é escovar os dentes para “limpar” os dentes desse efeito.
Como o esmalte está afetado, a passagem da escova vai removê-lo de forma irremediável, pelo que o dentista Mário Jorge Silva recomenda que depois de ingerir alimentos ou bebidas ácidas deve-se aguardar umas horas para possibilitar o efeito regenerador da saliva, antes de usar a escova.
Desconhece-se a existência de estudos atuais sobre o consumo deste tipo de bebidas em Portugal, mas nos Estados Unidos, entre 30 a 50 por dos adolescentes consomem regularmente bebidas energéticas e isotónicas e destes 62% admitem beber pelo menos uma dose por dia.
O docente de medicina dentária afirma, com base na observação dos pacientes que passam pela sua cadeira, que tem aumentado significativamente o número de pessoas com menos de 30 anos e com a dentição sem esmalte, realidade que atribui ao consumo de bebidas ácidas em grandes quantidades ao longo de todo o dia, incluindo aqui também os refrigerantes.
11 de maio de 2012
@Lusa
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