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O tema do congresso é saúde em África e nele participam cinco diretores de faculdades africanas
17 de abril de 2013 - 09h36
Cerca de 300 médicos e cientistas reúnem-se na próxima semana em Lisboa para discutir doenças tropicais, atentos aos recentes surtos na Europa de doenças como o dengue e a chickungunya.
O II Congresso Nacional de Medicina Tropical decorre entre 22 e 23 de abril, quase 60 anos depois do primeiro, que aconteceu em 1952 para assinalar o cinquentenário do então Instituto de Medicina Tropical, contou à Lusa o diretor da instituição, hoje Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT).
Entre um e outro, houve a descolonização, o instituto passou do Ministério do Ultramar para o da Educação e foi integrado na Universidade Nova de Lisboa, com a consequente consolidação académica, recordou Paulo Ferrinho, que decidiu assinalar os 110 anos da instituição a "comemorar a ciência" que se faz no instituto.
"A melhor forma de comemorar é fazer este congresso", disse o diretor do IHMT, que, em entrevista telefónica à Lusa, sublinhou a atualidade do assunto em análise.
"Se olharmos a realidade no mundo e, em particular na Europa, vemos que doenças tropicais que têm estado ausentes da Europa há muito tempo, como o chickungunya (doença febril que dá dores articulares fortes), o paludismo e o dengue, são doenças que nos visitam cada vez mais, não só através dos viajantes e migrantes, mas também em pequenos focos que já vão acontecendo (...) sobretudo nos países mediterrânicos", disse.
Pouco mais de um mês depois de a Direção-Geral da Saúde considerar controlado o surto de dengue que afetou a Madeira desde outubro, Paulo Ferrinho não escondeu a preocupação dos cientistas: "Mais cedo ou mais tarde vamos ter de pensar novamente em programas de controlo de doenças tropicais na Europa".
Além de um objetivo científico - que passa mais por avaliar o trabalho que está feito e definir prioridades de investigação do que por anunciar descobertas novas - o congresso tem também um objetivo pedagógico, no sentido de esclarecer a opinião pública, assumiu Paulo Ferrinho.
"A mensagem [que queremos passar] é que as doenças tropicais não estão só nos trópicos, estão à nossa beira", disse o diretor, sublinhando a necessidade de os emigrantes e os turistas que visitam países tropicais saberem "que quando vão para esses países estão expostos a riscos", que podem ser minimizados com recurso à medicina dos viajantes e às vacinas.
Embora seja um 'congresso nacional', o evento tem também uma abordagem internacional, o que se prende com o facto de o IHMT ter por missão cooperar com os países tropicais, particularmente os lusófonos, no combate às grandes endemias tropicais e na promoção da saúde das populações desses países.
O tema global do congresso é aliás a saúde em África e nele participam cinco diretores de faculdades de medicina africanas, bem como representantes de todos os institutos nacionais de saúde dos países lusófonos.
Para Paulo Ferrinho, o ponto alto do evento deverá ser a intervenção do diretor regional para África da Organização Mundial de Saúde, o angolano Luís Sambo.
"África tem sido na ultima década uma inspiração, com grandes sucessos na saúde infantil, mas também grandes insucessos", disse o especialista, exemplificando com surtos epidémicos, a permanência da poliomielite na Nigéria e a mortalidade materna, que "continua resistente à intervenção".
O diretor do IHMT pretende por isso ouvir de Luís Sambo o que se pode "aprender com o que correu bem e como ajudar a melhorar o que está mal".
Embora o congresso, que encerra as comemorações do 110 anos do IHMT, comece apenas na segunda-feira, os cientistas podem participar em encontros satélite, cursos e ‘workshops’ que decorrem entre sexta-feira e sábado, num período que a organização chama de “pré-congresso”.
Quanto ao futuro, e para que não passem outros 60 anos, o IHMT irá anunciar para 2015 o próximo Congresso Nacional de Medicina Tropical, que deverá passar a ser um evento bienal.
Lusa
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