Manuel Capelas falava à Lusa a propósito do protocolo assinado com o Ministério da Saúde e o Observatório Português dos Cuidados Paliativos do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa, que tem como objetivo “a colaboração, o desenvolvimento de ideias, monitorizar e avaliar”.

Para o presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP), a assinatura deste protocolo representa um “grande marco, porque é a primeira vez que o observatório tem um acordo com ministério, para podermos trabalhar com dados fidedignos”.

Mas mais do que o protocolo, Manuel Capelas destaca a “tomada de posse, quase 4 anos depois, de comissão nacional de cuidados paliativos”, através de despacho publicado na quarta-feira.

“Temos neste momento condições políticas e profissionais para pensar de forma estruturada nos cuidados paliativos em Portugal”, afirmou. Na opinião de Manuel Capelas, atualmente “as coisas não estão bem do ponto de vista de qualidade, quantidade e equidade do processo”.

Há distritos sem qualquer unidade de cuidados paliativos

Segundo a APCP, dez anos depois da criação da Rede Nacional de Cuidados Continuados ainda existem distritos sem qualquer unidade de cuidados paliativos a funcionar como é o caso de Viana do Castelo, Aveiro e Leiria.

No entanto, o responsável acredita que a comissão nacional de cuidados paliativos vai permitir desenvolver estas unidades e “passar das ideias à prática”, e mostra-se disponível para colaborar no levantamento do número de profissionais com formação específica em cuidados paliativos, para melhor planeá-los e desenvolvê-los.

“Estamos disponíveis para colaborar no desenvolvimento equitativo, para que os cuidados cheguem às pessoas, no tempo útil em que as pessoas precisam”, afirmou, sublinhando que “é preciso acreditar e colaborar com esta equipa”.

O presidente da APCP diz que a comissão nacional – criada em 2012, mas nunca efetivada – vai agora “dar resposta à Lei de Bases dos Cuidados Paliativos”. “Esperemos, porque as pessoas são competentes e têm formação na área, que agora deem prossecução aos objetivos da lei: dar acesso em tempo útil, dar resposta aos cidadãos que precisam, em função das suas necessidades”, afirmou.