FOTO: EPA/CHRISTIAN BRUNA

A observação experimental de um caso de malformação fetal num macaco poderá facilitar a criação de um modelo animal para provar a eficácia de intervenções terapêuticas viáveis em humanos.

"Este estudo ajudar-nos-á a determinar se uma vacina ou tratamento contra Zika previne lesões cerebrais no feto, assim como para concluir se é seguro administrar esses remédios durante a gravidez", afirma a autora do artigo Kristina Adams, investigadora da Universidade de Washington (EUA), citada pelas agências internacionais.

Os resultados "anulam qualquer dúvida que pudesse restar sobre o quão perigoso é o vírus Zika para o desenvolvimento do feto", acrescenta Kristina, que é professora de obstetrícia e ginecologia, em comunicado.

A investigação, na qual o vírus foi inoculado em macacos fêmeas grávidas, apresenta as primeiras provas diretas de que o Zika pode atravessar a placenta nas fases tardias da gestação e afetar o feto.

Leia também10 cuidados básicos ao viajar para países com Zika

Veja ainda: O drama dos bebés que são o rosto de uma epidemia

"Ficámos surpreendidos quando vimos a primeira imagem de uma ressonância magnética do cérebro fetal dez dias depois da inoculação do vírus. Não tínhamos previsto que uma área tão ampla fosse afetada tão profundamente em pouco tempo", afirmou Lakshmi Rajagopal, co-autora do estudo.

Por causa desses resultados, os cientistas acreditam que qualquer tratamento para prevenir malformações cerebrais no feto deve consistir numa vacina ou num remédio profilático administrado no momento da infeção pela picada do mosquito, com o objetivo de neutralizar o vírus o mais rapidamente possível.

"Quando uma mulher grávida começa a notar os primeiros sintomas, o cérebro do feto já pode estar prejudicado", advertiu Rajagopal.

Este mês, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou que a epidemia do vírus Zika continuar a ser uma emergência sanitária de alcance internacional, dada a sua contínua expansão geográfica e as amplas lacunas no conhecimento sobre os seus efeitos neurológicos.