Elvira Fortunato, 56 anos, que desenvolveu o transístor de papel, é distinguida por "uma carreira de excecional projeção, dentro e fora do país" e pelo "contributo notável para o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação português", afirmou Francisco Pinto Balsemão, que preside ao júri do Prémio Pessoa.

Para o júri, "a ciência e a inovação são sinónimos da carreira de Elvira Fortunato", sublinhando o "trabalho pioneiro na área da eletrónica transparente, usando materiais sustentáveis e com processamento completo à temperatura ambiente, e de grande impacto na indústria eletrónica mundial".

Cientista, professora catedrática e vice-reitora da Universidade Nova de Lisboa, Elvira Fortunato é especialista em Microelectrónica e Optoelectrónica, e uma das inovações pela qual se destaca é a do transístor de papel.

"A ideia de usar o papel como um 'material eletrónico' abriu portas, em 2016, para futuras aplicações em produtos farmacêuticos, embalagens inteligentes ou microchips recicláveis, ou até páginas de jornal ou revistas com imagens em movimento", relembra o júri.

O Prémio Pessoa, no valor de 60 mil euros, é uma iniciativa do semanário Expresso e da Caixa Geral de Depósitos, e visa reconhecer a atividade de pessoas portuguesas com papel significativo na vida cultural e científica do país.

O júri deste ano foi composto por Francisco Pinto Balsemão (presidente), Emílio Rui Vilar (vice-presidente), Ana Pinho, António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, Eduardo Souto de Moura, José Luís Porfírio, Maria Manuel Mota, Pedro Norton, Rui Magalhães Baião, Rui Vieira Nery e Viriato Soromenho-Marques.

O anúncio do Prémio Pessoa 2020 deveria ter acontecido em dezembro, mas foi adiado para hoje, por causa da pandemia da covid-19.

Entre os vários galardoados com este prémio, desde que foi instituído, em 1987, contam-se personalidades como José Mattoso, António Ramos Rosa, Maria João Pires, Menez, António e Hanna Damásio, Herberto Helder (que o recusou), Vasco Graça Moura, João Lobo Antunes, José Cardoso Pires, Eduardo Souto Moura, João Bénard da Costa, Sobrinho Simões, Mário Cláudio, Luís Miguel Cintra, Maria do Carmo Fonseca, Eduardo Lourenço, Maria Manuel Mota, Richard Zenith, Manuel Aires Mateus, Rui Chafes, Frederico Lourenço e Tiago Rodrigues.