As autoridades puseram termo à maioria das medidas contra a covid-19 sem aviso prévio em 07 de dezembro, no meio de crescente exasperação pública e de enorme impacto na economia.

O último vestígio da política “zero covid”, a quarentena obrigatória para quem chega ao país oriundo do estrangeiro, vai ser abolida a partir de 08 de janeiro, anunciou Pequim na segunda-feira à noite.

“Acabou… a primavera está a chegar”, reagiu um utilizador entusiasmado, num comentários mais aplaudidos no Weibo, o equivalente chinês da rede social Twitter.

“Estou a preparar-me para a minha viagem ao estrangeiro”, escreveu outro utilizador, enquanto um terceiro comentou: “espero que o preço do bilhete de regresso não volte a subir”.

As buscas ‘on-line’ de voos para o estrangeiro dispararam assim que o anúncio foi conhecido, de acordo com os meios de comunicação social estatais.

O ‘site’ de viagens Tongcheng registou um salto de 850% nas pesquisas e um aumento de dez vezes nos pedidos de visto.

Por seu lado, a agência Trip.com relatou que, meia hora depois do anúncio, o volume de pesquisas de destinos fora da China continental aumentou dez vezes em relação ao ano anterior. Macau, Hong Kong, Japão, Tailândia e Coreia do Sul encontravam-se entre os destinos mais procurados.

A decisão de abolir as quarentenas à chegada significa o fim da rígida política “zero covid” que durante quase três anos impôs testes generalizados, confinamentos sem aviso prévio e longas quarentenas obrigatórias nos centros que abalaram a segunda maior economia do mundo.

“É um alívio”, disse o diretor-geral da Câmara de Comércio sino-britânica da China Tom Simpson. A medida “termina três anos de perturbação muito significativa”.

No entanto, Simpson anteviu uma “recuperação gradual”, à medida que as companhias aéreas aumentam lentamente os voos e as companhias afinam as estratégias na China para 2023.

No entanto, o anúncio é “muito, muito bem-vindo”, disse Simpson à AFP.

A partir do próximo mês, apenas um teste negativo com menos de 48 horas será necessário para entrar na China, anunciou a Comissão de Saúde do país, na segunda-feira à noite.

No entanto, algumas restrições permanecem em vigor, como a manutenção da suspensão, em grande parte, da emissão de vistos turísticos e de estudantes estrangeiros.

Contudo, com a maior parte das restrições sanitárias levantadas, a China está a registar um surto de covid-19.

A vaga de inverno está a acontecer a alguns dias do Ano Novo e a algumas semanas do Ano Novo Lunar, no final de janeiro, quando milhões de pessoas vão viajar para visitar familiares, naquela que é conhecida como a maior migração humana.

No domingo, a China anunciou que ia deixar de publicar números sobre os casos de covid-19, perante críticas por estarem completamente desfasados da atual situação epidémica.

Os hospitais e os crematórios de todo o país estão a transbordar de doentes e vítimas da doença, e estudos ocidentais estimaram que até um milhão de pessoas poderão morrer nos próximos meses.

As grandes cidades lutam agora com a escassez de medicamentos antipiréticos, enquanto as instalações médicas de emergência estão a receber um um afluxo de doentes idosos não vacinados.

Pequim insistiu que o país está pronto para resistir à vaga e que o público deve assumir o comando.

“Precisamos que o público se proteja devidamente e continue a cooperar com medidas adequadas de prevenção e controlo” da covid, disse o epidemiologista Liang Wannian, que aconselha as autoridades sanitárias, citado pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua.