O chefe da diplomacia chinesa, que falava hoje aos jornalistas à margem da sessão plenária da Assembleia Popular Nacional iniciada na sexta-feira, afirmou que a China está “pronta” para integrar essa investigação internacional para identificação da fonte do novo coronavírus, detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Wang Yi, citado pela France-Press (AFP), avisou que a cooperação “terá de se abster de interferência política”, acusando os políticos americanos de “espalharem boatos” para “estigmatizar a China”.

No início do mês, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, pediu uma “investigação” para aprofundar a teoria de o novo coronavírus ter sido transmitido aos humanos a partir de um animal, no mercado de Wuhan, onde são vendidos animais selvagens vivos, a alguns quilómetros de distância das instalações do Instituto de Virologia acusado pelos Estados Unidos de deixar escapar o vírus da covid-19.

Hoje, na conferência de imprensa que decorreu na sede do parlamento, em Pequim, Wang Yi alertou ainda que as posições de “certas forças políticas norte-americanas”, sobre a origem do novo coronavírus, estão a colocar os dois países “à beira de uma nova Guerra Fria”.

“Certas forças políticas norte-americanas estão a tornar reféns as relações entre a China e os Estados Unidos e a conduzir os nossos dois países à beira de uma nova Guerra Fria”, disse Wang Yi, citado pela AFP.

Nas últimas semanas, o Presidente dos Estados Unidos tem acusado as autoridades chinesas de atrasarem a comunicação de dados cruciais sobre a gravidade do novo coronavírus, que poderiam ter travado a propagação da doença.

“Além da devastação causada pelo novo coronavírus, um vírus político está a espalhar-se pelos Estados Unidos. Esse vírus político aproveita todas as oportunidades para atacar e difamar a China”, disse Wang Yi.

A tensão entre Pequim e Washington tem aumentado nos últimos dois anos, com a guerra comercial iniciada pelo Governo Trump com as sobretaxas alfandegárias.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 339 mil mortos e infetou mais de 5,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de dois milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano passou a ser o que tem mais casos confirmados (mais de 2,3 milhões, contra dois milhões no continente europeu), embora com menos mortes (mais de 140 mil, contra mais de 173 mil).

Os Estados Unidos são o país com mais mortos (97.087) e mais casos de infeção confirmados (mais de 1,6 milhões).