"Algumas declarações e ações de autoridades americanas não são corretas nem apropriadas", declarou em comunicado o porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Hua Chunying.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) opôs-se ontem à restrição de viagens, apesar de o surto do novo coronavírus na China ser uma emergência de saúde pública internacional.

"A OMS não recomenda a restrição de viagens, trocas comerciais e movimentos [de pessoas] e opõe-se mesmo a todas as restrições de viagens", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em conferência de imprensa, na sede da organização, em Genebra, Suíça.

Justificando a declaração de emergência de saúde pública internacional, o diretor-geral da OMS disse que a "grande preocupação é a possibilidade de o vírus se propagar a países onde os sistemas de saúde são mais frágeis".

"Não se trata de um voto de desconfiança em relação à China", frisou Tedros Adhanom Ghebreyesus, citado pela agência noticiosa AFP.

A decisão da OMS foi conhecida depois de o Comité de Emergência, formado por vários peritos, incluindo chineses, se ter reunido ontem depois de há uma semana ter considerado prematura a emergência internacional.

O comité assinala, em comunicado, que as restrições à circulação de pessoas e bens durante uma emergência de saúde pública internacional podem ser ineficazes, perturbar a distribuição de ajuda e ter "efeitos negativos" na economia dos países atingidos.

O presidente do órgão, Didier Houssin, explicou, em conferência de imprensa, que, perante uma emergência de saúde pública internacional, a OMS tem doravante o direito de questionar os países sobre restrições de viagens que vão impor ou já impuseram.

Didier Houssin deu o exemplo de "vistos recusados, o fecho de fronteiras, a colocação em quarentena de viajantes que estão em boas condições" de saúde.

A cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto do novo coronavírus, está isolada do mundo desde há uma semana, como a quase totalidade da província de Hubei, onde vivem 56 milhões de pessoas, impedidas de deixar a região.

A China elevou para 213 mortos e quase 10 mil infetados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detetado no final do ano em Wuhan, capital da província de Hubei (centro). O anterior balanço registava 170 mortos na China e 7.736 pessoas infetadas.