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Há 1.200 jovens referenciados como tendo cometido factos considerados "crime"
25 de novembro de 2013 - 14h21
A esmagadora maioria dos jovens que praticam crimes sofre de perturbações mentais, segundo dados de um estudo da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) e da Universidade de Coimbra.
O subdiretor geral da DGRSP Licínio Lima considera este dado “preocupante”, porque permite concluir que as polícias e as autoridades judiciárias “são impotentes no combate ao crime juvenil”.
Segundo o responsável, é fundamental que a área da saúde não se mantenha afastada deste problema da delinquência juvenil, que surge intimamente relacionados com problemas do foro mental.
“A saúde é muito mais eficaz no combate ao crime do que qualquer polícia. Se além do comportamento delinquente, o jovem sofre de perturbação mental, nenhum polícia vai resolver o problema daquela delinquência se não houver uma intervenção terapêutica”, afirmou em declarações à agência Lusa.
De acordo com o estudo, que envolveu uma amostra de 210 jovens agressores num total de cerca de 260 internados em centros educativos, 90% receberam pelo menos um diagnóstico psiquiátrico, com as perturbações disruptivas do comportamento a serem as mais frequentes. Nenhum destes jovens tinha acompanhamento psiquiátrico.
Licínio Lima lamentou que a Direção-Geral da Saúde tenha sido um parceiro ausente neste projeto, que durou três anos e foi financiado por fundos europeus, e cujos resultados vão ser detalhados num seminário que decorre quinta e sexta-feira em Lisboa.
“Se a saúde continuar a assobiar para o lado, a meter a cabeça na areia, seremos sempre incapazes de dar uma resposta eficaz no combate à delinquência juvenil. O combate à delinquência juvenil tem de ser feito em pareceria entre as autoridades judiciárias e o Serviço Nacional de Saúde. Caso contrário nunca haverá resultados positivos”, afirmou o subdiretor geral.
Para o responsável, o combate mais eficaz no âmbito da delinquência juvenil é o combate à reincidência, para o qual é fundamental um acompanhamento terapêutico que se debruce sobre o problema de saúde mental que afeta estes jovens.
Além dos cerca de 1.200 jovens referenciados como tendo cometido factos considerados crime, Licínio Lima acredita que há muitos outros milhares de pré-delinquentes que, não tendo acompanhamento especializado ao nível da saúde mental, irão tornar-se criminosos.
Por outro lado, o responsável da DGRSP acredita ainda que este estudo teria resultados idênticos se fosse transposto para a população prisional adulta.
Lusa
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