“O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é uma peça insubstituível e valiosíssima para manter os valores de acesso, de equidade e solidariedade social nos cuidados de saúde, mas entendemos que a sua qualidade e eficiência não deve obrigar o Estado a ser sempre o único prestador desses serviços”, disse o dirigente centrista aos jornalistas.
Francisco Rodrigues dos Santos falava no final de uma visita ao Hospital Compaixão, propriedade da Fundação Assistência para o Desenvolvimento e Formação Profissional (ADFP) de Miranda do Corvo, que se encontra concluído e equipado há mais de uma ano, mas que ainda não entrou em funcionamento por falta de acordos de cooperação com o Ministério da Saúde.
O presidente do CDS-PP considera que “é muito importante, nomeadamente para o Pinhal Interior, poder servir-se desta unidade de saúde, que permitiria descongestionar os hospitais da cidade de Coimbra e, ao mesmo tempo, prestar cuidados a pessoas que ainda não têm acesso à saúde”.
“Não entendemos que a ideologia deva estar à frente das pessoas, o que nos interessa é prestar uma boa rede de cuidados de saúde que satisfaça as necessidades das populações, nomeadamente as que vivem no interior do país”, sublinhou.
Segundo o líder centrista, o Hospital Compaixão “podia empregar mais 100 pessoas e estender os apoios do Estado, através de uma rede de complementaridade e de parceria, para servir o interesse público”.
Fazendo um retrato negativo da panorama da saúde em Portugal, Francisco Rodrigues dos Santos recordou que 50% dos tratamentos foram adiados, nomeadamente consultas, cirurgias e exames, no mês de maio, comparativamente ao ano passado, houve menos 902 mil consultas e menos 85 mil cirurgias.
“São números altamente preocupantes, porque observamos que o nosso SNS esteve concentrado no tratamento à covid-19 e a mortalidade por outros fatores, em Portugal, tem aumentado. É, por isso, que o CDS-PP defende o alargamento da contratualização com os setores social e particular, através de acordos de parceria, desde que isso prossiga sempre o interesse público”, frisou.
Também em declarações aos jornalistas, o presidente da Fundação ADFP, Jaime Ramos, disse que a instituição não consegue reunir com a presidente da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) e a ministra da Saúde.
“Existe um muro de silêncio ao redor desta situação, que acho perfeitamente escandaloso, pois. No mínimo, da parte da administração central, devia haver um diálogo com quem tenta resolver os problemas no terreno”, critica o dirigente.
Para o líder da instituição, “esta situação é perfeitamente absurda, demonstra um sectarismo inaceitável e uma irracionalidade na gestão dos dinheiros públicos, porque este hospital se estivesse a colaborar com o SNS pouparia muito dinheiro [ao Estado] e não daria lucro e exportações para grandes oligopólios que estão a exportar dinheiro para o estrangeiro”.
“A defesa do interesse nacional e uma visão patriótica exigiria do Ministério da Saúde um tratamento e uma cooperação com estas entidades sem fins lucrativos, que a terem lucros reinvestem neste interior do país, que tem sido desprezado”, salientou.
Concluído desde abril de 2019 e totalmente equipado com tecnologia de última geração, a unidade de saúde da instituição encontra-se licenciada e pronta a entrar em funcionamento, faltando os acordos SNS.
O Hospital Compaixão de Miranda do Corvo dispõe de quatro valências da Imagiologia Clínica (TAC, Radiologia, Mamografia e Ecografia), análises clínicas, dois blocos operatórios, área de urgência, setor de consultas de ambulatório com especialidades médicas e de internamento, com 54 camas
Com um investimento de sete milhões de euros, maioritariamente suportado pela Fundação ADFP (6,2 milhões de euros), a unidade hospitalar tem prevista a criação de 100 postos de trabalho.
O restante valor do investimento (800 mil euros) é suportado pelo município de Miranda do Corvo, que tem aprovado um apoio de 550 mil para a construção e 250 mil euros para equipamentos.
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