“É mentira. Nunca maltratei ninguém. Os pais vinham e as crianças nem queriam ir embora”, disse à Lusa Helena Castro, que atribui as queixas de maus-tratos a uma vingança de uma mãe de uma criança “muito instável”, que teve a seu cargo e que lhe ficou a dever dinheiro.

A mulher, de 68 anos, foi constituída arguida juntamente com o marido, de 74 anos, por alegadamente exercer a atividade ilegal de creche residencial e por maus-tratos a menores.

Num comunicado divulgado hoje, a GNR refere que os suspeitos detinham uma creche ilegal, frequentada por 13 crianças com idades compreendidas entre os 5 meses e os 6 anos, consideradas em risco.

No entanto, a mulher alega que só tinha a seu cargo seis crianças, afirmando que quando a GNR fez buscas à sua residência, na passada sexta-feira, estava a tomar conta de mais crianças “por causa da greve” e de "pessoas que vão fazer umas limpezas umas horas" e lhe pediam para ficar como os miúdos.

“Não tenho espaço para ter tanta criança, mas pronto eu amo a minha atividade”, disse Helena Castro, que está coletada desde 1999 como ama, passando recibos e fazendo descontos para a Segurança Social.

A mulher adianta ainda que os géneros alimentícios fora de validade que foram apreendidos pela GNR se destinavam ao seu consumo e encontravam-se num espaço vedado.

Esclareceu ainda que as pastilhas de veneno para roedores, que também foram apreendidas pelas autoridades, destinavam-se a caçar ratos num terreno situado nas traseiras da sua casa, adiantando que estas estavam guardadas num armário “numa parte da cozinha onde nenhuma criança entrava”.

“As crianças não tinham acesso a nada dessas coisas”, disse Helena Castro, adiantando que tem a consciência tranquila.

Durante as buscas à residência dos suspeitos, a GNR diz ter apreendido diversos géneros alimentícios fora de validade, um medicamento não sujeito a receita médica fora de validade, um saco com diversas pastilhas de veneno para roedores, uma ratoeira e diversos documentos fiscais.

No comunicado, a GNR refere ainda que as crianças "foram retiradas da habitação e entregues aos seus progenitores, sendo sinalizadas junto da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Santa Maria da Feira".