Estamos a terminar um mês vibrante em cor Rosa e em iniciativas contra o cancro da mama um pouco por todo o mundo.
As iniciativas são um alerta para o problema, e uma chamada de atenção para o flagelo em saúde pública a nível mundial. São obviamente, um pedido de ajuda das muitas Associações e Fundações, para melhorar as condições a quem enfrentará um caminho árduo de luta, e uma ajuda face ao medo da morte.
Para vivermos temos de confrontar estes números: 1 em cada 9 mulheres terá um cancro da mama, e esse número aumentará até 2050. Essa perspetiva avassaladora só se combate com informação, literacia em saúde, e prevenção, para conhecermos melhor esta entidade e olhar de frente com esperança. Podemos dar os passos certos para vencermos esse medo da morte pelo cancro, e arriscarmos viver. Este desafio implica conhecimento: o que é esta entidade cancro da mama? como posso prevenir? Que esperança de vida terei? Muitas colocarão imediatamente a questão? E sobreviverei? Será a luta dura, e infindável? Jamais serei a mesma mulher ou homem? Porque também temos uma glândula mamária no homem, ao contrário do que os próprios não sabem, e na maioria das vezes tendem a desvalorizar os sintomas, também há cancro da mama masculino.
O Cancro da Mama são muitas entidades distintas, a minoria tem um traço hereditário (apenas 20%), ligados a mutações em genes hoje bem conhecidas, os BRCA 1 e 2, e que podem ser pesquisados se a história familiar fizer suspeitar pelo elevado número de membros da mesma família, em idades precoces e pré-menopausa, o que demonstra que o conhecimento e a literacia em saúde podem ser úteis. Deve vencer-se o medo, fazer o teste genético, porque isso muda toda a marcha, protocolo e idade em que essas mulheres e homens devem começar a fazer os exames com regularidade. Ao conhecer a sua condição de portadores de risco, podem tomar decisões informadas, atempadas, e seguramente com melhoria do prognóstico e do tempo de sobrevida, comparativamente a descobrirem esse cancro tardiamente. Podem também esclarecer a sua família e descendência dessa condição e vários conselhos para estilos de vida, e procura de especialistas podem alterar essas vidas.
Deste modo, os restantes 80% dos cancros de mama são multifatoriais, e a incidência tão elevada não é um mistério, pode hoje explicar-se por alguns fatores particularmente no mundo ocidental alguns modificáveis, como tal intervindo na prevenção primária terão um impacto na redução deste flagelo, por isso importa conhecer e divulgar. Muito genericamente a redução do número médio de filhos, o 1º filho mais tardio, a exposição a estrogénios endógenos ou exo estrógenos, a obesidade, são alguns dos fatores mais estudados.
A incidência de 47,8 cancros por 100.000 mil habitantes dos últimos dados a nível mundial (GLOBOCAN 2023, https://gco.iarc.fr/), em todas as idades e sexos, é assustadora. Mais assustador é verificar na mesma fonte que no intervalo entre os 45 e os 50 anos a incidência é muito maior (aos 45 anos é nas mulheres de 145.6 por 100.000 habitantes.
Os dados do artigo do Lancet Global Health de setembro de 2023 refere 68·8% de vidas perdidas prematuramente por cancro em 2020 são 182.8 milhões, mas também nos informa que 58·5 milhões (32·0%) são tratáveis. (Quantitative estimates of preventable and treatable deaths from 36 cancers worldwide: a population-based study. Lancet Glob Health. 2023 Nov;11(11):e1700-e1712).
Destes números podemos reter várias informações relevantes e lições importantes. Há evidência científica comprovada que o cancro pode ser prevenido de forma global com um estilo de vida saudável, que inclui várias dimensões e vertentes. Exercício físico sistemático, e uma alimentação saudável, a (dieta mediterrânica é um bom exemplo) são bons pontos de partida.
Uma alimentação equilibrada e nutritivamente adequada vai fornecer os nutrientes essenciais que o corpo necessita para ajudar a combater o cancro e vai melhorar o resultado dos tratamentos. Ela deve incluir uma variedade de alimentos ricos em vitaminas (como a C e a D), minerais (como o zinco e o selénio) e antioxidantes, como frutas, legumes, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis (peixes gordos, frutos secos, sementes, azeite e abacate), chá verde. E deve diminuir o consumo de carne vermelha e evitar os ultras processados. Esta alimentação vai fortalecer o sistema imunológico, que desempenha um papel crucial na defesa contra o cancro e ao mesmo tempo pode ajudar a reduzir o risco de recorrência.
Manter um peso saudável é importante para reduzir o risco de desenvolver cancro de mama e vai melhorar os resultados do tratamento.
O consumo excessivo de álcool está associado a um maior risco de cancro de mama. Reduzir ou evitar o consumo de álcool pode ser benéfico na prevenção e na evolução. De facto, estão se a estudar dietas especificas para os diferentes tipos de tumores que evitem os nutrientes dos quais as células tumorais se alimentam mais como os açucares simples entre outros.
Um conhecimento do seu corpo, a prevenção como relação privilegiada com a saúde, que incluem consultas periódicas, exames de diagnóstico adequados à idade e fatores de risco de forma regrada, a manutenção e cuidado com a saúde mental, a procura do bem-estar físico como um maior capital a investir, e a saúde como o melhor investimento a procurar desde jovem.
Se tivermos vontade e conhecimentos que podemos ser parte da luta contra este flagelo, seguramente os números de vidas perdidas precocemente para o cancro da mama poderão ser reduzidos.
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