A incidência da relação entre o HPV e o cancro de cabeça e pescoço tem vindo a aumentar a nível mundial, razão que investigadores e médicos indicam estar na origem de atingir cada vez mais jovens.
O HPV é um vírus muito comum que, geralmente, é encontrado em qualquer pessoa em algum momento da vida. Este vírus pode afetar a pele e as membranas húmidas que cruzam certas partes do corpo humano, nomeadamente, boca e garganta.
O facto de agora estar a ser associado a tumores na região da cabeça e pescoço deve-se à prática de sexo oral, sem proteção e com múltiplos parceiros.
Além disso, a falta de higiene íntima e bucal também aumenta o risco de transmissão de vírus e de desenvolvimento de tumores, principalmente localizados na amígdala, orofaringe e língua.
Sendo o sexto tipo de cancro mais comum no mundo, tem origem na pele ou nos tecidos moles, na parte superior dos aparelhos respiratório e digestivo: Glândulas Salivares; Seios Perinasais e Fossas Nasais; Faringe (Nasofaringe, Orofaringe e Hipofaringe); Laringe e Gânglios Linfáticos.
Em geral, os sintomas mais comuns são um inchaço ou uma ferida na cavidade oral, dificuldade em engolir, dores de ouvidos, rouquidão ou dores de garganta incessantes.
Estes sintomas são frequentemente confundidos com outras condições benignas, o que faz com que os diagnósticos cheguem tardiamente. No nosso país, mais de 50% dos doentes são diagnosticados num estadio avançado da doença porque desvalorizaram os primeiros sintomas e, nestes casos, as consequências são mais drásticas. Por vezes, é necessário remover uma parte, ou até mesmo toda a língua ou ainda as cordas vocais e isso acarreta, necessariamente, condições psicológicas.
Ainda não há estimativas concretas sobre o número de casos de cancro de cabeça e pescoço causados pelo HPV mas os investigadores acreditam que até 2020 esta causa supere os cancros causados pelo consumo excessivo de tabaco e cigarros.
Neste sentido, torna-se premente continuar a desenvolver esforços no sentido da prevenção, através de campanhas de sensibilização para os fatores de risco dirigidos a grupos com comportamentos de risco.
Um artigo de Ana Castro, médica especialista em Oncologia.
Comentários