O cancro da mama pode ser prevenido?

A maioria dos casos de cancro da mama tem uma etiologia multifatorial e é impossível identificar uma única causa que modificada impeça o seu aparecimento. No entanto, existem uma série de fatores de risco, alguns deles modificáveis, que podem reduzir a incidência do cancro da mama. A adoção de um estilo de vida saudável é altamente recomendada na prevenção de todas as doenças oncológicas. Atividade física regular, dieta cuidada, controlo do excesso de peso, cessação tabágica, evicção do consumo de álcool, são alguns exemplos que todos devemos ter de forma a diminuir a incidência de cancro.

Numa pequena minoria dos casos, cerca de 10%, o cancro da mama está associado a alterações genéticas de transmissão familiar, como é o caso da presença de mutações dos genes BRCA1 e BRCA2. Quando uma pessoa é portadora de uma destas mutações tem um risco muito elevado de vir a desenvolver um cancro da mama ao longo da sua vida (cerca de 60-80%). Nestes casos a realização de uma cirurgia em que se remove todo o tecido glandular mamário (mastectomia bilateral de redução de risco) é uma intervenção que previne drasticamente o surgimento de cancro (redução de risco para menos de 5%).

Quais os principais sintomas?

Existem vários sinais e sintomas que podem indicar a presença de cancro da mama e por isso é necessário dar especial atenção. Qualquer alteração do aspeto, da forma ou da palpação da mama; aparecimento de nódulos ou tumefações na mama ou axilas; alterações no mamilo como retração ou corrimento; alterações da pele da mama, aréola ou mamilo (inchaço, vermelhidão, rubor, calor ou dor). Se detetar pelo menos um destes sinais, deve consultar rapidamente o seu médico assistente.

É possível que a doença seja silenciosa?

Numa fase inicial os tumores da mama ainda não têm dimensão suficiente para causarem qualquer tipo de sinal ou sintoma, e há ainda os casos dos tumores de localização profunda ou com crescimento de forma não nodular que podem atrasar o diagnóstico. Por isso é essencial que as mulheres mantenham uma vigilância regular com exames de rotina, idealmente a mamografia associada a ecografia mamária. Estes exames permitem a deteção de lesões muito pequenas que ainda não dão qualquer tipo de sintoma (lesões subclínicas), permitindo o diagnóstico precoce e aumentado de forma substancial a possibilidade de cura.

Qual é o panorama português em relação ao rastreio, diagnóstico e tratamento do cancro da mama?

De uma forma geral, Portugal está ao nível de qualquer outro país da Europa quando falamos de diagnóstico e tratamento do cancro da mama. Infelizmente, ainda estamos um bocadinho atrás nos tempos de espera de aprovação de medicamentos inovadores e na criação de condições para acesso a ensaios clínicos.

No que diz respeito ao rastreio, ainda não temos um rastreio populacional organizado, mas felizmente, devido a um trabalho notável realizado pela Liga Portuguesa Contra o Cancro, este tem sido feito num número substancial de mulheres numa grande parte das regiões do país. No entanto, observamos um recuo importante nos últimos dois anos devido à mobilização dos cuidados de saúde primários ao combate à pandemia, que levou à suspensão da maioria dos rastreios. Temos agora a obrigação de fazer um esforço para recuperar o que ficou por fazer e minimizar os eventuais danos associados ao atraso do diagnóstico das doenças oncológicas.

Francisco Paralta Branco, coordenador da Oncologia Médica da Joaquim Chaves Saúde.
Francisco Paralta Branco, médico oncologista e coordenador da Oncologia Médica da Joaquim Chaves Saúde

Qual o objetivo da campanha “Consigo na luta contra o cancro da mama”?

O principal objetivo da campanha é sensibilizar a população para o cancro da mama e para a importância dos exames mamários de rotina de forma a obter um diagnóstico precoce. Além do papel de alertar a população para esta doença que afeta tantas mulheres no nosso país, esta campanha possibilita a marcação de uma mamografia e ecografia mamária numa das Clínicas Joaquim Chaves Saúde com um valor promocional especial facilitando a realização rápida destes exames.

Como é óbvio também tem como função divulgar o nosso novo Centro Oncológico da Mama. A Joaquim Chaves Saúde ainda está muito associada às análises clínicas, mas a verdade é que desde há muitos anos que tem diversas clínicas onde se tratam doentes oncológicos. Por isso além do rastreio podem contar com a Joaquim Chaves Saúde para o tratamento e seguimento de doentes com cancro da mama. Estamos “consigo na luta contra o cando da mama”.

Porquê fazer rastreios a mulheres entre os 40 e 50 anos e com mais de 70 anos?

A recomendação nacional da Direção Geral de Saúde em relação ao rastreio do cancro da mama é a realização de uma mamografia a cada 2 anos em mulheres com idades compreendidas entre os 50 e os 69 anos. Na prática sabemos que uma percentagem muito importante dos diagnósticos (cerca de 50%) são feitos em mulheres com idades fora do intervalo em que está preconizado o rastreio.

Nos últimos anos, temos verificado uma revisão das recomendações internacionais em relação ao rastreio de cancro da mama. As recomendações Americanas foram alteradas recentemente, propondo a realização do rastreio anual, a todas as mulheres com idade a partir dos 40 anos, até pelo menos aos 75 anos, devendo esta idade ser alargada se a esperança medida de vida individual prevista for superior a 5 anos.

De forma a não deixarmos nenhuma mulher para trás, esta campanha de rastreio na Joaquim Chaves Saúde encontra-se aberta a todas as mulheres com mais de 40 anos.

A inovação é, justamente, um dos pilares da Joaquim Chaves Saúde. Por isso, apostaram recentemente numa abordagem 360º no tratamento do cancro da mama, da pele e da próstata. Que abordagem é esta e qual o seu impacto?

É importante o acompanhamento continuo do doente oncológico, desde o diagnóstico, passando pelo tratamento, até à vigilância. O bem-estar dos doentes é a nossa principal preocupação, e por isso não nos focamos apenas no cancro mas olhamos para o doente como um todo. Assim, proporcionamos não só o diagnóstico e tratamento, mas também a possibilidade de acompanhamento por valências como nutrição, psicologia, fisioterapia e especialidades como a genética, dermatologia, pneumologia, cardiologia, endocrinologia, oftalmologia, medicina Interna, entre todas as outras especialidades necessárias ao acompanhamento dos doentes oncológicos.

 A Joaquim Chaves Saúde dedica-se há 20 anos à área da oncologia, como se diferencia no tratamento do cancro da mama?

A Joaquim Chaves Saúde já é o maior prestador de serviços privado de Radioncologia a nível nacional desde há vários anos, e a Oncologia Médica era já uma especialidade presente. Com a abertura da Clínica Cirúrgica de Carcavelos foi-nos possível trazer o tratamento cirúrgico oncológico para o nosso grupo, criando a possibilidade de multidisciplinaridade, essencial na abordagem do doente oncológico.

A reorganização destas especialidades, juntamente com uma maior interação com as especialidades de diagnóstico e apoio ao doente oncológico, permitiu que hoje sejamos uma equipa coesa e ativa, que reúne todas as valências necessárias para o diagnóstico, tratamento e seguimento do doente com cancro, segundo as melhores recomendações nacionais e internacionais.

O nosso principal objetivo é conseguirmos garantir o melhor tratamento ao doente garantindo uma resposta célere e muito próxima deste e da sua família. O que nos diferencia é mesmo o trabalho em Equipa. Partilhar a informação sobre os doentes para que mesmo que o doente não conheça toda a Equipa, toda a Equipa conhece o doente.

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