"O país está tão confuso que agora até temos de esperar em filas para ter relações sexuais", lamenta Jonatan Montilla, de 31 anos, à agência Bloomberg, que avança a notícia esta quarta-feira.

O colapso nos preços do petróleo aprofundou a crise económica que está a provocar uma enorme escassez de produtos, como fraldas e desodorizantes, neste país da América do Sul, membro da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo).

A Venezuela importa a maior parte dos produtos que consome e a exportação de petróleo representa cerca de 95 por cento das receitas do país. Porém, nos últimos sete meses o valor obtido pela Venezuela na venda de petróleo caiu 60 por cento.

O impacto da redução do acesso a contracetivos pode ter efeitos desastrosos. A Venezuela é o terceiro país da América Latina com mais casos de infeção por VIH per capita, depois do Brasil e Paraguai, e tem uma das mais altas taxas de gravidez adolescente. E o aborto é ilegal.

"Sem preservativo, não podemos fazer nada", diz Jonathan Rodriguez, diretor-geral do grupo StopVIH, uma organização sem fins lucrativos. "Esta escassez ameaça todos os programas de prevenção que temos vindo a desenvolver", alerta.

Os preservativos e outros contracetivos desapareceram de muitas farmácias na Venezuela no final de dezembro, já que o país está sem capacidades para importar devido à dívida externa agravada pelo deslizamento das receitas do petróleo.

site de vendas MercadoLibre, utilizado largamente pelos venezuelanos, parece ser o único sítio que ainda vende preservativos. Mas uma caixa pode custar 4.760 bolívares (cerca de 660 euros).