A medida foi anunciada num decreto publicado pelo Ministério da Agricultura brasileiro, que declarou emergência nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, na fronteira com a Argentina e o Uruguai, publicado hoje no Diário Oficial da União.

A medida, em vigor por um ano, permite que as autoridades brasileiras implementem um plano para a eliminação da praga, facilita a importação de defensores agrícolas, a contratação de brigadas para combater os insetos e adoção de outras medidas de emergência para proteger as áreas agrícolas destes dois estados brasileiros, que são importantes produtores de cereais.

O Brasil decidiu antecipar um plano para enfrentar a praga e adotar medidas de controlo depois de informar na quarta-feira que permanece “em alerta”, apesar das previsões iniciais dos especialistas apontarem que os gafanhotos devem deslocar-se para o sul da Argentina ou para o Uruguai.

De acordo com um comunicado divulgado pelo Ministério da Agricultura brasileiro, devido às previsões meteorológicas para a região sul, que prevê chuva e frio, é “improvável” que os insetos entrem no país.

A pasta esclareceu que já estava a trabalhar em medidas de controlo no caso de haver uma mudança repentina nas previsões meteorológicas, que favoreçam a chegada da praga no território brasileiro.

A ‘nuvem’ de insetos que gerou o alerta entrou na Argentina no final de maio pelo Paraguai e, segundo o Governo brasileiro, é composta por gafanhotos da espécie Schistocerca cancellata, que pode percorrer até 150 quilómetros por dia.

O Governo brasileiro já negociou com o Sindicato das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) a possibilidade de combater a praga com a ajuda de 426 aeronaves equipadas com pulverizadores que compõem a frota do Rio Grande do Sul.

“A aviação agrícola é considerada mundialmente uma das principais armas para combater as nuvens de gafanhotos”, disse o diretor do Sindag, Gabriel Colle, em comunicado.

Segundo o Ministério da Agricultura brasileiro, a formação de ‘nuvens’ de gafanhotos ocorre “com relativa frequência” desde 2015 em países vizinhos como Bolívia, Paraguai e Argentina.

As espécies de Schistocerca cancellata causaram várias infestações em 1938, 1942 e 1946, com surtos originários na Argentina que entraram na região sul do Brasil e atingiram os estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais. Na época, causaram grandes perdas, principalmente nas lavouras de arroz.