Em declarações à margem de uma visita ao centro de comando da ‘task force’ para a vacinação, em Oeiras, a líder da OE destacou a colaboração com a equipa liderada pelo vice-almirante Gouveia e Melo neste processo e enfatizou que a perspetiva do Ministério da Saúde de ter 130 mil pessoas vacinadas por dia em julho, como veiculado na segunda-feira pela ministra Marta Temido, representa uma “oportunidade” de recrutamento de jovens licenciados.

“Ninguém é de ferro, não somos super-heróis e notamos que os enfermeiros estão muito desgastados. Não nos podemos esquecer que muitos não tiveram férias no ano passado. Portanto, eles precisam objetivamente de ter esse período de descanso e temos aqui uma oportunidade que são os mais de três mil recém-licenciados que estão a sair para o mercado de trabalho e que a única coisa que o Ministério da Saúde tem que fazer é contratá-los”, disse.

Segundo Ana Rita Cavaco, no ano 2020, mesmo com a pandemia de covid-19, saíram 1.230 enfermeiros para o estrangeiro. Por isso, frisa, a solução passa pela criação de condições para a permanência dos enfermeiros.

“A minha resposta: é vamos embora vacinar. Contratem estes recém-licenciados e estamos aptos a fazer isso”, frisou, deixando o repto ao Governo: “Seguramente que se o objetivo é aumentar o ritmo de vacinação, então vou contratar estes enfermeiros que saíram e que estão a sair para o mercado de trabalho”.

Paralelamente, a bastonária da OE manifestou a expectativa de que os eventuais contratos que venham a ser estabelecidos com os enfermeiros não sejam de natureza ‘precária’.

“Quando os outros países vêm a Portugal contratar os enfermeiros portugueses oferecem condições maravilhosas, não só em termos de vínculo duradouro como em termos de ordenado e da sua especialidade, que é uma coisa que nós estamos ansiosamente a aguardar pela negociação com o Ministério: o internato da especialidade, porque os enfermeiros ainda hoje pagam do seu bolso”, observou.

Questionada sobre o aumento do número de casos de covid-19 na área metropolitana de Lisboa, Ana Rita Cavaco vincou serem situações que “precisam de resposta” e que, pelo ‘timing’, coincidir com o período de férias, há a “possibilidade de contratar os recursos humanos, os enfermeiros, e alargar o espaço em termos de internamento”.

Finalmente, a líder da OE adiantou que há “ainda muitos enfermeiros por vacinar”, por terem estado infetados recentemente com covid-19 e terem de cumprir a norma de seis meses da Direção-Geral da Saúde, embora não tenha revelado números absolutos nesta fase.

Em Portugal, morreram 17.074 pessoas e foram confirmados 866.826 casos de infeção, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.