Em comunicado enviado à Lusa, refere-se que o deputado – no parlamento desde 2011 – irá assumir funções de diretor-executivo na I-DAIR, sedeada em Genebra, em 22 de maio e suspenderá o mandato no parlamento a partir de dia 17 de maio, mantendo-se como vereador da oposição sem pelouros, na Câmara Municipal de Sintra.

“Assumi com muito orgulho e sentido de responsabilidade as funções de deputado à Assembleia da República, nos últimos quatro mandatos. Sempre entendi que devemos encarar com desprendimento o exercício de funções de responsabilidade política e que não devemos ficar dependentes dos cargos que desempenhamos”, justificou o deputado, no comunicado.

O primeiro ‘vice’ da bancada social-democrata e cabeça de lista por Lisboa nas últimas legislativas salientou tratar-se de “uma decisão pessoal”, da qual já informou o presidente do PSD, Luís Montenegro.

O deputado sublinhou que ser deputado “é uma missão e não uma carreira”: “Foram 12 anos muito intensos e que me orgulham, mas sinto que é o momento de recentrar-me na carreira profissional”, acrescentou.

Ricardo Baptista Leite afirmou já ter entregado a estratégia para a saúde à Comissão Política Nacional e salientou que irá “suspender o mandato de deputado dando tempo suficiente para que seja promovida” a sua substituição das funções de primeiro vice-presidente do grupo parlamentar e nas comissões parlamentares a que pertence.

“Informei também que manterei o compromisso com Sintra, enquanto vereador da oposição, não executivo, ou seja, sem pelouros, assim como continuarei disponível para colaborar com o partido a nível nacional. Manterei ainda as minhas funções académicas, assim como de voluntariado enquanto Presidente da ‘UNITE Parliamentarians Network for Global Health’”, afirmou.

De acordo com o estatuto dos deputados, a suspensão temporária do mandato por motivos de natureza familiar, pessoal, profissional ou académica só pode ocorrer por um período máximo de seis meses por legislatura, prazo após o qual o parlamentar tem de retomar funções ou renunciar definitivamente.

Nascido em 31 de maio de 1980 (42 anos), Ricardo Baptista Leite assumiu pela primeira vez o mandato de deputado na XII legislatura (em 2011), pelo círculo de Lisboa, cargo para o qual foi sucessivamente reeleito até à atual legislatura, em que integra as comissões parlamentares de Saúde e a de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, esta na qualidade de suplente.

Médico de profissão, é atualmente coordenador científico de Saúde Pública no Instituto de Ciências da Saúde, Universidade Católica Portuguesa, e assistente convidado na NOVA Medical School, na Universidade Nova de Lisboa, além de deputado e vereador sem pelouros na Câmara Municipal de Sintra.

Ricardo Baptista Leite integrou como vice-presidente a direção da bancada do PSD com os anteriores três líderes parlamentares - Rui Rio, Adão Silva e Paulo Mota Pinto – e com o atual, Joaquim Miranda Sarmento, foi indicado como primeiro ‘vice’.

Durante a pandemia de covid-19, foi quase sempre o rosto do PSD no final das reuniões com epidemiologistas no Infarmed e fez, em 13 de março de 2020, um apelo dramático no parlamento aos portugueses para que "cancelem tudo e fiquem em casa", salientando então que esse "não era tempo de debate político", mas de união.

Em janeiro de 2021, o primeiro-ministro chegou a acusar Baptista Leite, “na frente sanitária”, a par dos sociais-democratas Paulo Rangel e Miguel Poiares Maduro, de estarem envolvidos numa campanha para denegrir a imagem externa do país durante a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, o que levou o PSD a anunciar uma queixa-crime contra António Costa.

O presidente do conselho de administração da organização, Christoph Benn, anunciou a escolha de Ricardo Baptista Leite como o novo CEO da I-DAIR, “no seguimento de um longo e rigoroso processo de seleção internacional”.