A Portugal AVC – União de Sobreviventes, Familiares e Amigos alerta que, até 2035, haverá um aumento de um milhão de pessoas que sobreviveram a um AVC na Europa, mas a desigualdade no acesso ao tratamento e, sobretudo, à reabilitação é, ainda, uma realidade no nosso país e noutros países europeus. Estes dados constam no “Plano de Ação para o AVC na Europa”, elaborado pela SAFE (sigla em inglês para Stroke Alliance For Europe) e pela ESO (sigla em inglês para European Stroke Organisation), que visa contribuir para que sejam feitos progressos na prevenção e no tratamento do AVC, e na melhoria da qualidade de vida dos sobreviventes, das suas famílias e dos seus cuidadores.

O AVC continua a ser a primeira causa de morte e de incapacidade em Portugal e na Europa. Segundo o estudo “Custos e Carga da Aterosclerose em Portugal”, elaborado pelo Centro de Estudos de Medicina Baseados na Evidência, só em 2016, o AVC matou mais de 7 mil portugueses e estima-se que, até 2035, o número de mortes por AVC aumente 45%.

António Conceição, presidente da Portugal AVC, reforça: “Considera-se que, nos próximos 12 anos, o número total de ocorrências de AVC cresça 34% na Europa, atingindo mais de 800 mil casos. Já o número de sobreviventes deverá aumentar um milhão, alcançando mais de quatro milhões. Destes quatro milhões, cerca de um terço fica com alguma incapacidade, uma disfunção cognitiva e com problemas de saúde mental. A questão é que o acesso a um continuum de cuidados, desde a abordagem aguda até uma reabilitação adequada, varia muito entre os vários países europeus. Em Portugal, por exemplo, continua a não existir um planeamento eficiente de cuidado dos sobreviventes de AVC com incapacidades.”

As previsões mostram que, se o AVC continuar a ser menosprezado, o seu peso não irá diminuir na próxima década, nem depois disso. “É urgente mudar este cenário, porque esta doença tem um grande impacto para todos, mas especialmente para os sobreviventes e para os seus familiares e cuidadores que vivem com as suas consequências todos os dias. Importa aliviar o peso destas famílias e definir um plano que permita a igualdade no acesso a uma reabilitação multidisciplinar e contínua, coordenada por médicos especializados em reabilitação de AVC. Para isso, é preciso aumentar o número e a capacidade de unidades de AVC completas, o que inclui a necessidade de profissionais médicos, de enfermagem, terapeutas e técnicos especializados nesta doença”, acrescenta o presidente da Portugal AVC.

A prevenção é o primeiro passo para combater a doença, quer seja antes da ocorrência de um AVC, quer seja depois de um primeiro episódio. Contudo, um tratamento imediato eficaz e atempado, e ter uma equipa de reabilitação desde os primeiros dias, mesmo ao longo da vida, faz muita diferença na recuperação, integração sociofamiliar e profissional, quando é o caso.

“Felizmente, existe um potencial para diminuir drasticamente este impacto e, consequentemente, reduzir as suas consequências a longo prazo. Mas isto requer a ação conjunta das entidades de saúde, de órgãos governamentais e organizações científicas e de apoio ao AVC, de profissionais de saúde, de investigadores clínicos, e mesmo das empresas que trabalham na área”, sublinha o António Conceição.