“Isto é gravíssimo. O HLA é novo” e serve “uma população de 100 mil habitantes que mais do que duplica a partir de maio e nos meses de verão, com a procura que têm as praias do Alentejo Litoral”, realçou à agência Lusa o presidente da CIMAL e da Câmara de Alcácer do Sal.

Segundo Vítor Proença, que reagia a um abaixo-assinado, divulgado na quinta-feira, no qual 14 médicos do HLA informam que se recusam a continuar a assumir a Chefia da Equipa de Urgência, os autarcas dos cinco concelhos do litoral alentejano estão “muito preocupados” com a situação.

“Estamos a falar de médicos com provas dadas, todos eles profissionais de saúde de primeira linha e com uma dedicação muito significativa à saúde e ao HLA”, disse.

Os médicos que "têm assumido" a chefia de equipa da Urgência do Hospital do Litoral Alentejano, em Santiago do Cacém, recusaram continuar à frente do serviço, na quinta-feira, invocando "degradação das condições de trabalho".

Numa carta para o diretor clínico do hospital, a que a Lusa teve acesso, os médicos apontaram "a degradação contínua das condições de trabalho no Serviço de Urgência, quer em termos de falta de material, quer em termos de falta de pessoal".

Também na quinta-feira, em comunicado enviado à Lusa, o conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (ULSLA), na qual o HLA está integrado, recusou a acusação de "degradação" da Urgência do hospital.

Contudo, o presidente da CIMAL, atual autarca de Alcácer do Sal, mas que anteriormente liderou o município vizinho de Santiago do Cacém, apontou várias críticas relativamente ao funcionamento do HLA, para sustentar que os alegados problemas não são novos.

“É uma situação que o Ministério da Saúde e o presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo já conhecem há vários anos, isto não é novo”, frisou.

O autarca afirmou que o hospital debate-se com um “cada vez maior nível de dificuldades, com cortes sucessivos em termos financeiros, com insuficiência de dezenas e dezenas de médicos para darem uma resposta satisfatória aos cidadãos”.

“No HLA, estes cortes na área da saúde afetam imenso o funcionamento dos serviços. E há riscos inclusive de fecho de alguns serviços”, alegou, referindo-se ainda ao serviço de Urgência: “Nasceu muito limitado, houve promessas e passaram vários anos e não se resolveu o problema, ao nível das infraestruturas e do défice de médicos e enfermeiros”.

A “demissão em bloco” dos clínicos cria “uma situação de funcionamento difícil”, mas o Governo “tem de encontrar medidas que consigam cativar e recrutar mais médicos” e “disponibilizar todos os meios financeiros, meios de equipamentos e de outra natureza para responder às necessidades mínimas” do hospital, reclamou Vítor Proença.