“Isso para mim é um contrassenso total e completo, na medida em que, neste momento, temos capacidade, e sabemos o suficiente, para prever com grande exatidão quais são os indivíduos que vão metastizar (espalhar por outros órgãos) ou não”, sublinhou.
O presidente da LPCC-NRN falava à Lusa à margem do I Encontro Nacional de Jovens Investigadores em Oncologia que visa promover o debate e a partilha de novas ideias e conhecimentos, tentando aproximar os investigadores em oncologia, de modo a poder existir um trabalho mais eficaz entre todos.
“Nós [na LPCC] somos adeptos da prevenção, consequentemente, esse medicamento deve ser dado de imediato, não quando aparecem as metástases, mas para evitar o seu aparecimento e para proporcionar a esse doente se não uma cura, pelo menos uma sobrevivência muito grande com grande qualidade de vida”, sublinhou Vítor Veloso.
Defendeu ainda que tem de existir “um compromisso político, nomeadamente para negociar o preço dos medicamentos”.
“Os hospitais ou Portugal não deviam fazer essas compras sozinhos, devia ser ao nível da União Europeia, envolvendo um conjunto de países ou, então, mesmo a própria UE devia fazer um ajuste com aos laboratórios”, disse o responsável.
Considerou que “desta maneira haveria uma baixa fenomenal em relação ao custo dos medicamentos. É pena que isso não aconteça, há muitos interesses em jogo e, consequentemente, a situação tão cedo não irá melhorar”.
Há cerca de duas semanas, o Expresso divulgou uma carta em que o Colégio de Oncologia da Ordem dos Médicos (OM) denunciava a existência de limitações e barreiras no Serviço Nacional de Saúde (SNS) no acesso a medicamentos inovadores que podem ser usados em fases mais precoces de alguns cancros.
Em causa estão vários medicamentos para o tratamento de cancros do pulmão, próstata, mama e melanoma, segundo especificou o presidente deste colégio da OM, Luís Costa.
São fármacos que já estão a ser usados em casos de cancro metastizado e que terão mostrado eficácia na redução do risco de ressurgimento da doença e no aumento de sobrevivência, quando usados em fases mais precoces.
Na segunda-feira, cinco associações de doentes da área oncológica manifestaram-se, em conferência de imprensa, “totalmente contra qualquer tipo de racionamento” no acesso aos melhores tratamentos para os doentes oncológicos, desde que prescritos pelo seu médico assistente.
“Os processos de aprovação de novos medicamentos, na área de Oncologia, devem ser de total transparência e de conhecimento público” e “não deve ser vedado, muito menos limitado à exigência do ‘risco imediato’ de vida, o acesso aos medicamentos que o médico assistente determine serem os adequados para o tratamento dos pacientes”, defendem as associações de doentes.
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