8 de março de 2013 - 16h15
Os apoios sociais a doentes oncológicos disponibilizados pela Liga Portuguesa Contra o Cancro triplicaram em 2012, no norte de Portugal, devido ao aumento dos pedidos de ajuda em consequência da crise, revelou hoje o responsável regional.
Segundo o presidente do núcleo regional do norte da Liga, Vítor Veloso, as necessidades sociais e designadamente económicas têm vindo a aumentar de forma gradual nos últimos dois anos e, em 2012, esta organização concedeu um valor inédito de apoio económicos, que ascendeu a 300 mil euros, o triplo do que era habitual.
“Não estávamos habituados a tanto pedido”, afirmou, realçando que este valor diz apenas respeito a doentes apoiados na região norte.
O dirigente falava em Bragança, à margem da assinatura de um protocolo entre a Liga e a Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste para apoio psicológico e social aos doentes locais.
Vítor Veloso está convencido de que, em termos de apoios, “será necessário ainda muito mais” devido ao momento que o país atravessa e à situação social das famílias que, no caso dos doentes oncológicos, é agravada pela doença.
“Há famílias muito carenciadas, há doentes muito carenciados que não têm dinheiro para pagar alguns medicamentos que não são comparticipados, para os transportes, inclusivamente para refeições e, muitas vezes, para outros problemas que se vivem dentro da própria família porque tem o marido desemprego ou tem a mulher desempregada e, consequentemente, a Liga tem de tomar em consideração essas situações”, afirmou.
O presidente do núcleo regional acrescentou que “nesta conjuntura terrível que o país atravessa” para a Liga “é mais importante ajudar os doentes e as famílias do que fazer outras atividades”.
“Efetivamente tudo aquilo que nós angariamos será em primeiro lugar para essas situações”, vincou.
Redução dos apoios do estado entre as causas
O dirigente aponta como razão para tantos pedidos “os apoios do Estado que têm reduzido drasticamente em todos os aspetos, sobretudo o apoio social é cada vez mais diminuto”, a redução substancial de ordenados e o aumento do desemprego.
Os doentes de regiões do interior como Bragança obrigados a longas deslocações para consultas e tratamentos, são confrontados ainda com mais dificuldades, segundo adiantou, já que o valor pago pelo Estado para transporte “não é suficiente”.
“Muitas vezes as pessoas vivem nas aldeias e só no transporte da aldeia, do táxi, para um meio de transporte público, gasta imediatamente o quantitativo que o Estado dá”, exemplificou.
Vítor Veloso reiterou que a Liga “está disponível para auxiliar esses doentes e para lhes proporcionar (o necessário) para que eles não faltem aos tratamentos porque faltar a um tratamento pode muitas vezes representar a cura ou uma sobrevivência desagradável”.
A Liga Portuguesa Contra o Cancro vive de donativos e o presidente do núcleo regional lembrou que os contribuintes podem consignar IRS a esta instituição, indicando o respetivo número de contribuinte na declaração anual entre às Finanças.
Lusa