"Esta proposta, destinada a todos os profissionais de saúde envolvidos em programas de cirurgia de ambulatório, decorre do crescente aumento da população idosa e obesa em Portugal que obrigam a cuidados especiais, nomeadamente no que à anestesia diz respeito", explica Vicente Vieira, média anestesiologista e membro da Direção da Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória (APCA).

"É necessário uma avaliação pré-operatória rigorosa dos doentes e a seleção da técnica anestésica mais segura para cada doente", acrescenta.

"O paciente obeso apresenta frequentemente outras patologias associadas, nomeadamente respiratórias, cardiovasculares e endócrino-metabólicas que exigem cuidados especiais. Por exemplo, estima-se que 70% a 80% destes pacientes tenham síndrome da apneia obstrutiva do sono e que esta ocorrência aumenta a probabilidade de complicações no pós-operatório", refere a especialista.

"Nos idosos é necessária especial atenção ao histórico clínico de doenças cognitivas e é fundamental a avaliação e otimização clínica de um vasto número de outras patologias. Neste grupo o principal objetivo é promover o rápido regresso do idoso ao seu ambiente familiar, através de uma adequada profilaxia das náuseas e vómitos e de uma analgesia eficaz, uma vez que isso implica uma menor disfunção cognitiva e uma mais rápida reabilitação", indica ainda.

Ambulatório representa 60% de toda a atividade cirúrgica

A cirurgia de ambulatório representa atualmente 60% de toda a cirurgia programada em Portugal, devido, em grande parte, à evidência científica de uma baixa taxa de complicações pós-operatórias - como infeções - e um elevado índice de satisfação por parte dos utentes.

O trabalho em questão tem sido desenvolvido desde o último trimestre de 2015 e tem procurando estratégias comuns e consensuais na abordagem peri-operatória destes doentes.

Este grupo conta com o patrocínio científico de várias Sociedades Médicas, nomeadamente da Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória (APCA), do Clube de Anestesia Regional (CAR) e da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia (SPA).

O resultado preliminar da Recomendações foi apresentado no passado dia 11 de março, no Congresso da SPA que decorreu na Figueira da Foz e vai agora ser disponibilizado para consulta e discussão pelos restantes anestesiologistas do país nos sites destas Sociedades Científicas.