As alterações climáticas aumentam o risco de surgimento na Europa de doenças infecciosas típicas de climas mais quentes, como o vírus do Nilo ou a malária, lembrou hoje o especialista Filipe Duarte Santos.
A DGS anunciou no fim-de-semana a investigação em Portugal de um caso provável de infecção por vírus do Nilo Ocidental.
O subdirector geral da Saúde José Robalo afirmou hoje à agência Lusa que a doença ainda não está confirmada, mas que há uma “grande probabilidade” de o vir a ser.
A pessoa em investigação, residente na zona de Lisboa e Vale do Tejo, nunca esteve hospitalizada e parece não ter viajado para fora do país, segundo o mesmo responsável.
A febre do Nilo é uma das doenças transmitidas por vectores e que podem tornar-se mais frequentes com as alterações climáticas.
“Há doenças transmitidas por vectores, essencialmente mosquitos, carraçbas e roedores. Esses vectores, com as alterações climáticas, ficam com condições mais favoráveis de proliferarem e as doenças que estão associadas podem tornar-se mais frequentes”, afirmou à Lusa Filipe Duarte Santos, especialista nas questões do sobreaquecimento global.
A malária ou a leihsmaniose são outras das doenças típicas de países mais quentes e que podem ressurgir na Europa.
“É um risco para toda a Europa, com maior incidência no sul do que no norte. A Europa erradicou a febre da malária, mas é um risco que está presente”, recordou Filipe Duarte Santos.
Com o aumento da temperatura global do planeta, a área de incidência deste tipo de doenças corre o risco de modificar-se, atingindo países onde antes não existiam.
“O que é necessário fazer é monitorizar esses vectores, em particular o caso dos mosquitos, o que Portugal tem feito e deve continuar a fazer”, comentou o especialista.
Segundo informação constante no site da Direcção Geral da Saúde, a infecção por vírus do Nilo Ocidental é transmitida através da picada de um mosquito e uma em cada cinco pessoas infectadas exibe doença febril.
Clinicamente, a maior parte das infecções humanas por vírus do Nilo são assintomáticas ou ligeiras, sendo que menos de um por cento dos doentes desenvolvem quadros graves com envolvimento do sistema nervoso central, como. meningite, encefalite ou meningo-encefalite.
Fonte: Diário Digital / Lusa
2010-07-27
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